segunda-feira, outubro 31, 2016

Introdução ao Novo Testamento - 03.


Continuação do post anterior.
2. A conversão de não-judeus ao judaísmo. Durante seus anos de exílio na Babilônia, os judeus foram usados por Deus a fim de torná-Lo conhecido entre os babilônios. O livro de Daniel no Antigo Testamento, por exemplo, registra como o rei Nabucodonosor testificou do poder de Deus nas vidas de Daniel e seus três amigos, os jovens judeus a quem ele havia capturado e levado à Babilônia. Ele foi forçado a admitir que o Deus de Daniel era “Deus dos deuses e o Senhor dos reis” (Daniel 2.47). Aos judeus foi dada a liberdade para adorar seu Deus e ensinar acerca dEle. Embora um grupo de Judeus tivesse regressado à Jerusalém, quando isso lhes foi permitido, muitos permaneceram na Babilônia e mais tarde estabeleceram-se em outros lugares por todo o império, de um Libertador vindouro. Não admira, pois, que lemos em Mateus 2.1,2, que os magos ou sábios, orientados pela estrela, vieram do oriente à Jerusalém, procurando adorar ao recém-nascido rei dos Judeus.
Os judeus que não permaneceram na Babilônia e nem retornaram à Palestina, dirigiram-se a lugares como Egito, Grécia, Macedônia, Roma e outras cidades principais da Ásia Menor. (Esse movimento que espalhou os judeus se denomina diáspora ou dispersão). Finalmente havia colônias judaicas em todas as nações do império romano. De fato havia mais judeus vivendo fora da Palestina do que dentro dela.
Como resultado da dispersão, os ensinamentos sobre o único e verdadeiro Deus e o vindouro Messias tornaram-se largamente conhecidos. Um considerável número de não-judeus da Palestina e de outros lugares uniu-se à religião judaica, reconhecendo a superioridade da mesma às crenças pagãs. Esses novos adeptos eram chamados prosélitos e tementes a Deus. Prosélitos eram todas aqueles que se submetiam a todos os requisitos da Lei, incluindo a circuncisão. Eram tratados como membros plenos da comunidade judaica. Os tementes à Deus, em contraste com isso, eram aqueles que aceitavam os ensinamentos judaicos, mas não assumiam a obrigação de cumprir a Lei. Esses não eram considerados membros plenos.
3. A Septuaginta. Por onde quer que os judeus fossem, levavam suas Escrituras e as ensinavam nas sinagogas que formavam. Durante o período inter testamentário, as Escrituras do Antigo Testamento foram traduzidas para o grego. Essa tradução foi produzida na cidade de Alexandria, no Egito. Recebeu o nome de Septuaginta, palavra que significa setenta, porque, de acordo com a tradição, o trabalho de tradução foi efetuado por setenta e dois eruditos. Essa tradução ajudou a propagar os ensinamentos do Antigo Testamento por todo o mundo de fala grega, antes mesmo do nascimento de Cristo. Era usada pelos judeus, seus convertidos, pelos escritores do Novo Testamento e pelos primeiros pregadores do evangelho.
O Judaísmo no Novo Testamento. Vimos como os desenvolvimentos inter testamentários do judaísmo prepararam o mundo para a pregação do evangelho. Vejamos agora alguns aspectos específicos da própria religião judaica conforme ela existia nos dias do Novo Testamento. Esses aspectos são com freqüência referidos nas páginas do Novo Testamento.
Os grupos religiosos. Havia dois partidos ou facções principais dentro do Judaísmo: os fariseus e os saduceus. Os fariseus julgavam-se o verdadeiro Israel de Deus. O nome fariseu significa “separado”. Eles seguiam rigidamente a lei escrita e as tradições dos anciãos, aceitando também os escritos proféticos. Na sua submissão à lei, eles eram assessorados pelos escribas, que interpretavam a lei e ajudavam-nos a aplicá-la às flutuantes condições da vida diária. Criam na existência dos anjos e dos espíritos, bem como na ressurreição dos mortos. Praticavam a oração ritual e o jejum, e davam dízimos daquilo que possuíam. Não trabalhavam em dia de sábado e nem permitiam que alguém o fizesse. O povo, sobre quem eles exerciam considerável influência, respeitavam-nos como homens santos. Zelosos em prol do judaísmo, eles conquistavam muitos não-judeus às suas crenças. Antes da conversão à Cristo, o apóstolo Paulo, fora fariseu. Tanto os escribas como os fariseus mostravam-se ativos nas sinagogas.
Os saduceus, em contraste com os fariseus, aceitavam a lei mosaica como autoritativa. Eles rejeitavam as tradições dos anciãos e não acreditavam em anjos, espíritos e nem na ressurreição dos mortos. Deixavam se influenciar mais pelo sacerdócio, pelo templo e pelo poder político. Quase todos os saduceus eram sacerdotes.

Continua no próximo post.

sexta-feira, outubro 21, 2016

Introdução ao Novo Testamento - 02.


Continuação do post anterior.
2. A Cultura Grega. Embora os romanos fossem os dominadores políticos do mundo, era o idioma e o pensamento gregos que dominavam a cultura da época. Um idioma e um mundo! Esse era o lema e a ambição de Alexandre, o Grande. Quando ele fez as suas conquistas, tomou providencias para unificar todas as nações dominadas sob o seu controle. O idioma grego passou a ser ensinado por toda a parte do seu império. A cultura grega foi introduzida como o padrão de pensamento e da vida diária. Isso produziu um profundo impacto sobre o povo do mundo do Novo Testamento. (A cultora grega também é chamada cultura helênica. A pessoa cuja cultura era grega era chamada helenista, embora não fosse grega de nascimento).
Se o império político de Alexandre o Grande foi de breve duração, seu impacto cultural foi grande e duradouro. Por muitos séculos, o mundo mediterrâneo inteiro exibiu as marcas da influência helenista. Tornaram-se generalizados os costumes e as maneiras gregos. Muitas cidades copiavam o estilo da arquitetura grega. O espírito de inquirição dos gregos, que gostavam de especular sobre a origem e o significado do universo, de Deus e dos homens, do bem e do mal, também foi adotado pelas nações influenciadas pela cultura grega. O grego tornou-se o idioma dos governantes e a língua comum dos escravos. Cartas, poemas e transações comerciais eram todas redigidas em grego. No Novo Testamento, o termo grego é usado afim de referir-se não somente ao povo da Grécia, mas também ao povo que falava o grego, e pertenciam a outras nações não-judaicas. O grego tornou-se generalizado como idioma.
Quando os romanos chegaram ao poder, encontraram no idioma grego um meio ideal para comunicar-se com seus territórios capturados. Jovens romanos eram enviados para serem educados em universidades gregas, como as de Atenas, Rodes e Tarso. Finalmente na própria capital do Império, o grego tornou-se largamente falado.
O idioma grego era realmente um veículo inigualável para expressar a mensagem cristã. Visto que esse idioma era tão largamente usado, os apóstolos podiam pregar em grego, sem a necessidade de intérpretes. O uso generalizado desse idioma também explica por qual razão todos os livros do Novo Testamento, escritos quase todos por judeus, foram originalmente escritos em grego. Quando Cristo veio com a mensagem de Deus para o mundo inteiro, havia uma língua universal, com a qual Ele podia comunicar-se com todos.
3. A Religião Judaica. Já vimos como Deus usou o poder romano e a cultura grega para preparar o mundo para ouvir a mensagem de Cristo. Deus também usou o povo e a religião judaicos com esse mesmo propósito. Ele se revelou aos judeus e lhes conferiu predições a respeito do Messias que viria. Essas revelações e profecias foram registradas e reunidas no Antigo Testamento. Os ensinamentos do Antigo Testamento propagaram-se por muitos lugares do mundo em resultado da vida e da religião judaica que ocorreu durante o exílio e o período inter testamentário.
O Judaísmo no Período Intertestamentário.
Três principais desenvolvimentos surgiram no judaísmo durante o exílio e os anos do período intertestamentário. Esses três foram o surgimento da sinagoga e sua forma de adoração, a conversão de muitos não judeus ao judaísmo, e a tradução das Escrituras do Antigo Testamento para o grego.
1. A Sinagoga. Quando os judeus foram levados ao exílio, levaram consigo as Escrituras do Antigo Testamento. Esses escritos formavam a base da prática religiosa deles. Durante o cativeiro, não podiam adorar no templo e nem oferecer sacrifícios de animais. Entretanto eles deram continuidade à sua adoração ao verdadeiro Deus.
Eles passaram a se reunir em agrupamentos chamados sinagogas, a fim de discutirem sobre as Escrituras e serem instruídos nelas. Dez ou mais homens podiam formar uma sinagoga, e podia haver mais de uma sinagoga em cada cidade. A adoração típica da sinagoga incluía leituras da lei e dos profetas. Os profetas haviam escrito sobre a vinde de um Messias, que os livraria do cativeiro.

Continua no próximo post.

domingo, outubro 09, 2016

Introdução ao Novo Testamento – 01.


O mundo do Novo Testamento.
O mundo para o qual Jesus Cristo veio foi moldado por três importantes influências: O poder militar dos romanos, a cultura dos gregos e a religião dos judeus. Deus usou cada uma dessas influências para preparar o terreno para o tempo em que Seu Filho iniciaria o seu ministério terreno. Conforme diz o trecho de Gálatas 4.4, Deus enviou o Seu Filho na “plenitude do tempo”.
Por meio dos escritos humanos, Deus deu ao Novo Testamento a forma de uma unidade harmônica. Seus vinte e sete livros incluem vários tipos de literatura. Foram escritos em ocasiões diversas e sob variadas circunstâncias. Alguns desses livros foram escritos para narrar eventos específicos, e outros para abordar determinados problemas. Em todos eles, porém, há uma importante mensagem: Deus estabeleceu um novo acordo, pacto, aliança ou testamento com o homem, por meio de Jesus Cristo, chamado de Nova Aliança.
Diversas forças diferentes contribuíram para dar forma ao mundo do Novo Testamento. Por exemplo, consideremos esses fatos. Embora os romanos governassem a Palestina, quando o Novo Testamento foi escrito, a língua usada para escrever o Novo Testamento foi o grego. Jesus, cuja história está narrada no Novo Testamento, era judeu e era o Messias cuja vinda fora profetizada, predita, pelas Escrituras do Velho Testamento. Outrossim, nas páginas do Novo Testamento lemos acerca de pessoas que seguiam muitas variedades de religiões pagãs e de cultos misteriosos. Vejamos então quais foram as forças que moldaram o mundo do Novo Testamento.
1. O poder de Roma. Lemos em Lucas 2.1: “Naqueles dias, foi publicado um decreto de César Augusto, convocando toda a população do império para recensear-se” – RA. César era o título conferido aos imperadores romanos. Em alguns trechos do Novo Testamento, o imperador romano também é chamado “rei” (1 Pedro 2.17, por exemplo). No tempo em que o Novo Testamento foi escrito o império romano estendia-se desde a extremidade ocidental do mar Mediterrâneo até o rio Eufrates no Oriente Médio. Todo esse grande território estava sob o governo do imperador. Os romanos dividiam o seu império em províncias – áreas com bases militares. Diversas dessas províncias são mencionadas por nomes nas páginas do Novo Testamento, como a Macedônia, a Acaia, a Síria, a Ásia, a Galácia e a Panfília.
O poder militar e a força política de Roma haviam produzido a unidade política, a paz militar e a liberdade de comércio e de transporte. As várias nações que Roma conquistou estavam debaixo de um único governo. A paz romana foi imposta, cessando as guerras entre essas nações. Aos cidadãos romanos eram outorgadas proteções especiais. Podiam dirigir-se a qualquer parte do império sem o temor de serem injustamente aprisionados ou maltratados. O apóstolo Paulo, por exemplo, que foi notavelmente usado por Deus para propagar a mensagem de Cristo em novas regiões, ocasionalmente teve de depender de proteção especial desfrutada por ele como cidadão romano que era. (Veja em At 16.38: “Os oficiais de justiça comunicaram isso aos pretores; e estes ficaram possuídos de temor, quando souberam que se tratava de cidadãos romanos” – RA e em Atos 22.29: “Imediatamente, se afastaram os que estavam para o inquirir com açoites. O próprio comandante sentiu-se receoso quando soube que Paulo era romano, porque o mandara amarrar” - RA).
Os romanos eram excelentes construtores de boas estradas e de pontes fortes. As estradas eram conservadas livres de assaltantes. Elas ligavam a capital, Roma, com todos os rincões do império. Dizia-se: “Todos os caminhos levam a Roma”. Os mares eram mantidos livres de piratas. Como nunca antes, havia segurança, liberdade e facilidade de viagens e de comunicação.