Continuação
do post anterior.
Características
Especiais. O
Evangelho de João tem muitas características especiais. Dentre
essas, examinaremos três que são as mais notáveis: sua relação
com os Evangelhos sinóticos, seu vocabulário e seu ponto de vista
distinto de Cristo.
Relação
com os sinóticos. Ao
compararmos o Evangelho de João com os evangelhos sinóticos,
ficamos impressionados com o contraste. Apesar das distinções
existentes entre eles, os três Evangelhos sinóticos ainda se
parecem muito mais entre si do que qualquer deles se assemelha com o
Evangelho de João. Por exemplo, o ministério de Jesus na Galiléia
geralmente ocupa o maior volume dos evangelhos sinóticos. Porém, o
ministério de Jesus na Judéia recebe atenção quase exclusiva da
parte de João. Com a exceção dos dois milagres registrados em João
6.1-24 e a narrativa do julgamento, da morte e da ressurreição de
Jesus, o conteúdo do Evangelho de João não aparece nos outros
Evangelhos.
Porém,
apesar desses contrastes, há alguns elos importantes entre João e
os sinóticos. Apesar de que a maior parte do material de João é
diferente do material dos Evangelhos sinóticos, nada desse material
se contradiz. Pelo contrário, geralmente suplementa e provê o
pano-de-fundo dos eventos que descrevem. Por exemplo, mediante um
estudo de Mateus, Marcos e Lucas, devemos concluir que o ministério
de Jesus durou um pouco mais de um ano. Mas João menciona três
festas da Páscoa, festividades essas que ocorriam apenas uma vez em
cada ano. Assim, sabemos que o ministério de Jesus ocupou, pelo
menos, três anos. A informação dada por João, pois, ilumina o
ponto de vista sinótico da vida de Jesus, fazendo-o ainda de outras
maneiras.
Temos
verificado que João tinha um certo alvo em mente, ao escrever sua
narrativa. É possível que quando ele escreveu o seu Evangelho, os
três evangelhos sinóticos já estivessem em circulação entre os
cristãos da época. Sem se importar se isso foi assim ou não, o
fato é que ele não os duplicou. Conforme o Espírito Santo o
orientou, ele se valeu de sua larga e rica experiência como o
discípulo a quem Jesus amava, e apresentou a sua percepção ímpar
de Cristo e de Sua missão. Hoje em dia, beneficiamo-nos com os
profundos discernimentos e com as verdades que Deus lhe deu para ele
compartilhá-los conosco.
Vocabulário.
Certos termos são usados com maior freqüência no Evangelho de João
do que nos Evangelhos sinóticos. Entre esses alistamos os seguintes:
permanecer, crer, festa,
judeus, luz, vida e viver, amor e amar, verdade e verdadeiro,
testemunha e mundo. Esses
termos têm sentidos especiais. Precisam ser cuidadosamente
estudados, pois com freqüência provêem a chave para os pensamentos
expressos por João.
Ponto
de vista distinto de Cristo.
Todos os quatro Evangelhos apresentam Cristo como o Filho de Deus.
Porém, foi João quem declarou o fato mediante a linguagem mais
franca, dizendo que Jesus é Deus e sempre existiu (João 1.1,14;
8.58; 17.5). João começou a sua narrativa não à
parte do começo, mas no
começo. Para João, Belém e a manjedoura não assinalou o começo
da existência de Cristo, mas apenas o tempo em que Ele se tornou
“carne”.
O
evangelho de João também revela outra verdade acerca da vontade de
Cristo. João percebeu que Ele era o Verbo. Entre os escritores
bíblicos, João foi o único a usar esse termo em alusão a Jesus.
Conforme seus leitores o entendiam, a palavra verbo tinha diversas
associações. No seu uso ordinário, salientava os meios mediantes
os quais os homens se comunicam uns com os outros. Para os judeus “o
Verbo de Deus” ou “a Palavra de Deus”, era uma expressão
familiar, encontrada no Antigo Testamento (Salmo 33.6, como um
exemplo). Alguns dentre os judeus aplicavam essa expressão ao
Messias que viria. Para os gregos, porém, significava a manifestação
da razão divina. João falou de todos esses significados quando
asseverou ousadamente que Jesus era o Verbo de Deus. Dessa maneira,
mostrou, tanto para os gregos quanto para judeus, que Jesus era Deus
comunicando-se com os homens, como a plena expressão de Sua razão,
vontade e propósito, feita de um modo que o homem fosse capaz de
entendê-los.
Continua
no próximo post.