sábado, junho 17, 2017

Introdução ao Novo Testamento - 13.


Continuação do post anterior.
O evangelho de Mateus.
Com toda a propriedade o evangelho de Mateus aparece como o primeiro livro do Novo Testamento, pois seu conteúdo provê um elo apropriado entre o Antigo e o Novo Testamento.
De acordo com a tradição, o evangelho de Mateus foi escrito por Mateus, o publicano, um dos doze discípulos de Jesus (Veja em Mateus 9.9-13 e 10.3). Provavelmente Mateus escreveu seu Evangelho em algum tempo entre 50 a 70 d.C.
Ênfase. Mateus ressaltou tanto a identidade quanto os ensinamentos de Jesus. Referiu-se ao Antigo Testamento por mais de sessenta vezes, tendo destacado Jesus como o real Filho de Davi, o rei dos judeus, cuja vida cumpriu as profecias messiânicas do Antigo Testamento. Assim sendo, o seu evangelho forma uma ponte necessária entre o conteúdo do Antigo e do Nova Testamento. Nos escritos de Mateus, Jesus aparece não somente como um outro profeta ou mestre qualquer, mas como o próprio Filho de Deus que, um dia, haverá de sentar-se em Seu trono, na glória celestial, a fim de julgar todas as nações (vv 16.13-20; 25.31,32). Essa ênfase torna o evangelho de Mateus útil para demonstrar aos judeus que Jesus é o longamente esperado Messias que lhes fora prometido, aquele cuja vinda seus próprios profetas haviam predito. E também serve para ajudar aos gentios convertidos a compreenderem o pleno significado do Ministério de Jesus.
Além de ressaltar a identidade de Jesus como Messias, Mateus também chamou a atenção para os ensinamentos de Jesus. De fato, mais da metade do conteúdo do seu evangelho dedica-se a historiá-los. Ele incluiu diversas e longas passagens onde ficam registradas as palavras de Deus a respeito de certo número de importantes assuntos. Seu evangelho termina com a comissão dada por Jesus aos Seus seguidores, em uma incumbência na qual o próprio Jesus frisou a importância de Seus ensinamentos: “portanto ide, ensinai todas as nações... ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado...” (Mateus 28.19,20).
Além da ênfase dada por Mateus sobre o cumprimento das profecias do Antigo Testamento, na vida e nos ensinamentos de Jesus, há algumas outras características especiais encontradas em seu evangelho.
Ênfase sobre a Realeza e sobre o Reino. Mateus é o evangelho da realeza e do reino de Jesus. Desde sua primeira página, Jesus é identificado como o real filho de Davi da casa de Judá (vv. 1.1,3). Os sábios ou magos que vieram do oriente à procura de Jesus por ocasião de Seu nascimento, perguntaram onde havia nascido “o rei dos judeus” (vv 2.1,2). Durante o Seu ministério, Jesus falou por muitas vezes a respeito do Seu reino (vv 16.28). Através desse primeiro evangelho há trinta e oito referências ou ao “reino de Deus” ou ao “reino dos céus”. Uma semana antes de ser crucificado, Jesus entrou em Jerusalém como seu rei, cumprindo a profecia que aparece em Zacarias 9.9 (Mateus 21.1-11).
Embora os judeus se tenham recusado a reconhecer que Jesus era rei, outros o reconheceram como tal. A mulher cananéia que veio rogar a Cristo em favor de sua filha que padecia, chamou-O pelo Seu título real “filho de Davi” (v 15.21). Pilatos escreveu essas palavras em uma tabuleta e a colocou sobre a cruz de Cristo. A tabuleta dizia: “Este é Jesus, o rei dos judeus” (v 27.37).
A Atenção Dada aos Gentios. Mateus incluiu material com fatos que demonstravam o seu interesse pelos gentios. Por exemplo, ele dá os nomes de duas mulheres gentias em seus registros sobre os antepassados de Jesus (v 1.5 – Raabe e Rute). Falou sobre os magos que vieram do oriente, a fim de adorarem a Jesus (v 2.1,2). Registrou a declaração de Jesus sobre o fato de que o reino de Deus seria tirado dos judeus e dado a um povo que produziria os seus frutos (v 21.43), e encerrou o seu evangelho com a Grande Comissão, na qual Jesus disse que Seus seguidores fizessem discípulos de “todas as nações” (v 28.19).
Menção à Igreja. Entre os quatro evangelhos, o de Mateus é o único no qual aparece a palavra igreja. Encontra-se ali por três vezes (uma em 16.18 e duas vezes em 18.17).
Outros aspectos exclusivos. Mateus contêm nove incidentes, dez parábolas e três milagres que não se encontram nos demais evangelhos. Entre essas coisas foram incluídas, por exemplo, a visão de José (1.20-24), a cura do mudo endemoniado (9.32,33) e as parábolas do trigo e do joio (13.24-30, 36-43), e dos talentos (25.14-30).
Conteúdo. O conteúdo do evangelho de Mateus é escrito em torno de um duplo esboço. Um deles tem a ver com os eventos da vida de Jesus, e o outro com os seus ensinamentos. Em ambos os casos, Mateus repetiu frases, a fim de assinalar as divisões.

Continua no próximo post.