quarta-feira, dezembro 21, 2016

Introdução ao Novo Testamento - 05


Continuação do post anterior.
Deus se revelou ao povo judeu. Como resultado da diáspora, muitos não-judeus se tinham convertido ao judaísmo, e o judaísmo se generalizara. Entretanto, parece que nos tempos do Novo Testamento o judaísmo estava sendo dominado por uma atitude crescente estreita e racista. Como prova disso basta que pesquisemos o Novo Testamento, observando as atitudes demonstradas pelos líderes judeus, descritas ali; pois parece que sua política e seus negócios tinham começado a absorver quase toda a atenção deles.
Enquanto os judeus andavam ocupados com seus interesses, outras religiões também reivindicavam a lealdade de homens e mulheres. Muitas pessoas seguem religiões do Oriente, do Egito e da Ásia Menos. Outras se envolviam com as religiões misteriosas dos gregos que enfatizavam as idéias da ressurreição e da purificação. Ainda outras seguiam cultos dedicados a divindades e espíritos associados a determinados lugares e ocupações. Também havia a religião romana oficial, em que as estátuas dos imperadores de Roma eram adoradas como símbolos do poder romano.
Esses fatores demonstram que havia um interesse geral pelas questões religiosas e a busca por respostas significativas. As pessoas começaram a indagar se talvez havia apenas um Deus universal. Muitas pessoas queriam descobrir a purificação da culpa, havendo um grande desejo de saber o que sucedia ao ser humano após a morte. As filosofias da época não proviam respostas aceitáveis, e as pessoas ficavam insatisfeitas com as conclusões a que a razão humana chegava. Muitos viviam na desesperança, no vazio espiritual, na corrupção e na imoralidade. Que tempos foram aqueles em que Cristo Jesus veio a este mundo, para iluminar os corações e as mentes obscurecidas dos homens com o pleno resplendor da glória de Deus!
Os Livros do Novo Testamento.
Já nos temos familiarizado com o mundo do Novo testamento – suas religiões, sua cultura e sua política, Agora, entretanto, voltemos a atenção para o próprio Novo Testamento, a narrativa do grande milagre mediante o qual Deus tornou-se homem, a fim de fazer o homem voltar-se para Deus. Esse é o Novo Testamento, pois anuncia o novo acordo que Deus estabeleceu com o homem por meio de Cristo. Enquanto o Antigo Testamento revelava a justiça de Deus por meio da Lei, o Novo Testamento revelava essa justiça por meio da graça e da verdade que há em Jesus Cristo. Examinaremos os tipos de conteúdo, os autores e a cronologia dos vinte e sete livros que perfazem o Novo Testamento.
O Conteúdo dos Livros. Há quatro tipos básicos de conteúdo no Novo Testamento: contudo histórico, doutrinário, pessoal e profético. Cada um desses tipos de conteúdo tem certas características. No tocante ao conteúdo, os livros do Novo Testamento são classificados de acordo com o tipo principal do conteúdo que cada um revela. O evangelho de Mateus, por exemplo, encerra algumas seções proféticas. Entretanto a maior parte de seu conteúdo é histórica. Portanto, deve ser incluída entre os escritos históricos.
Os Livros Históricos. Os livros históricos incluem as quatro narrativas da vida de Cristo (Mateus, Marcos, Lucas e João), bem como o relato do começo da Igreja (Atos dos Apóstolos). São chamados livros históricos porque o seu propósito primário é registrar os eventos e apresentar os fatos. Incluem os nomes de muitas pessoas e lugares. Com freqüência, citam as palavras que foram ditas em determinadas situações. Também dão muitas descrições pormenorizadas das circunstâncias e dos resultados de atos específicos. De modo geral, os escritos históricos prestam informações que respondem a perguntas como estas: Que sucedeu? Onde sucedeu? Quem fez isso? O que foi dito? Qual foi o resultado? Porém, os livros históricos do Novo Testamento nos dão muito mais do que as respostas a essas perguntas. O próprio Filho de Deus nos é revelado por intermédio do Registro que eles apresentam das coisas que Jesus disse e fez.
Os Livros Doutrinários. A maioria dos livros doutrinários compõe-se de cartas escritas para certos grupos de crentes. Com freqüência abordam assuntos específicos que alguns daqueles grupos estavam enfrentando, ao procurarem seguir a maneira de viver cristã. Ao escrever a esses crentes, os autores desses livros explicaram as grandes verdades a respeito de Jesus Cristo e Sua obra, se ainda não as haviam compreendido. Os autores sagrados igualmente descreveram a relação entre os crentes a Cristo, e como os crentes devem viver como resultado disso. As poderosas mensagens que Deus inspirou que escrevessem não visavam apenas aos primeiros discípulos, mas também “todos os que em todo lugar invocam o nome de Nossos Senhor Jesus Cristo” (1 Coríntios 1.2).
Os livros doutrinários são os seguintes: Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossences, 1 e 2 Tessalonicenses, Hebreus, Tiago, 1 e 2 Pedro, Judas e 1 João.
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sexta-feira, novembro 25, 2016

Introdução ao Novo Testamento - 04.


Continuação do post anterior.
Embora os romanos fossem administradores capazes, muitos judeus da Palestina ressentiam-se muito ante o domínio deles. Odiavam pagar impostos ao governo romano. Não obstante, o governo romano era um fato da vida. Em resultado disso, havia uma constante corrente subterrânea da rebelião e agitação entre os judeus. Aumentando essas tensões políticas, muitos líderes judeus passaram a dar mais e mais de sua atenção a essas tensões.
O Concílio governante. Sob o abrangente governo romano, entretanto, aos judeus foi dado um certo grau de autoridade para se governarem a si mesmos quanto às questões políticas e religiosas. Essa autoridade repousava sobre o Concílio de setenta juízes, chamados coletivamente o Sinédrio. O sumo-sacerdote estava a testa desse concílio, e os membros provinham, na maioria das vezes, do sacerdócio ou de famílias abastadas. No Sinédrio, havia alguns poucos fariseus, que eram populares entre as multidões, mas os saduceus formavam o partido dominante.
O templo. Nos dias do ministério de Jesus havia um templo magnífico em Jerusalém. Era chamado “templo de Herodes”, assim chamado porque o seu construtor fora Herodes o Grande. Tanto o templo de Salomão como o “segundo templo” tinham estado no lugar onde esse templo agora estava. O templo de Salomão, todavia, fora destruído pelos babilônios, em 586 a.C. O “segundo templo” fora reconstruído pelos exilados que tinham regressado a Jerusalém na época de Esdras e Neemias. Esse fora o templo contaminado por Antíoco IV, e que então fora purificado por Judas Macabeu. Posteriormente, parece ter sofrido alguma destruição, tendo sido reedificado por Herodes o Grande, em torno de 20 a.C.
O templo de Herodes era similar aos anteriores. Tinha diversos portões, uma muralha interna além da qual não podia passar quem não fosse judeu, e um pesado véu que separava o Santo lugar do Santo dos Santos. As cerimônias do templo eram levadas a efeito por um grupo de sacerdotes encabeçado pelo sumo-sacerdote. Anualmente, cada israelita do sexo masculino tinha de pagar uma taxa ao templo (quantia equivalente ao salário de dois dias de trabalho), para a conservação dos prédios e pagar salários de sacerdotes.
As festas. Embora os judeus da dispersão estivessem largamente espalhados, continuavam considerando Jerusalém a sua capital. Anualmente, milhares deles, incluindo muitos prosélitos e tementes a Deus iam até ali como peregrinos, participar das grandes festividades religiosas. Ali se reuniam aos judeus que viviam na Palestina, na celebração das festas que assinalavam os mais importantes acontecimentos de sua história. Duas das sete festas efetuadas a cada ano eram particularmente importantes nos dias do Novo Testamento. Estamos falando da Páscoa e do Pentecostes.
A Páscoa era a festa mais importante de todas. Marcava o aniversário do livramento dos judeus da servidão no Egito e o início deles como uma nação independente. O trecho de Êxodo, capítulos 11 e 12, relatam como Deus desfechou uma praga final contra os egípcios, de tal modo que estes finalmente permitiram que os israelitas saíssem do Egito e fossem para a terra que Deus lhes prometera. Por terem observado as instruções dadas para eles pelo Senhor, os israelitas foram poupados das pragas pelas quais todos os filhos e animais primogênitos dos egípcios foram mortos, em uma só noite.
Aos israelitas foi ordenado que observassem anualmente a festa da Páscoa, como uma ordenança perpétua para eles e seus descendentes. Veja em Êxodo 12.24: “Guardai, pois, isto por estatuto para vós outros e para vossos filhos, para sempre”. - RA. Todos os judeus do sexo masculino que vivessem em Jerusalém ou nas proximidades, precisavam fazer-se presentes à festa da Páscoa, a menos que estivessem fisicamente incapacitados de fazê-lo. Muitos judeus da diáspora, bem como prosélitos e tementes a Deus, também participavam dessa festa. Jerusalém transbordava com as imensas multidões que se reuniam para essa celebração.
O Pentecostes também era uma importante festa religiosa nos dias do Novo Testamento. Durante o período intertestamentário, essa festa passou a ser celebrada como o aniversário da outorga da Lei de Moisés. Veja em Êxodo, capítulo 19. Na comunidade judaica a Lei e sua observância serviam de poderosa força unificadora. Os judeus consideravam a lei como o maior dom que Deus lhe proporcionara. Leiam os Salmos 1, 19 e 119. Tal festa foi chamada Pentecoste, uma palavra que significa cinqüenta, por ser observada cinqüenta dias após a Páscoa.
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segunda-feira, outubro 31, 2016

Introdução ao Novo Testamento - 03.


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2. A conversão de não-judeus ao judaísmo. Durante seus anos de exílio na Babilônia, os judeus foram usados por Deus a fim de torná-Lo conhecido entre os babilônios. O livro de Daniel no Antigo Testamento, por exemplo, registra como o rei Nabucodonosor testificou do poder de Deus nas vidas de Daniel e seus três amigos, os jovens judeus a quem ele havia capturado e levado à Babilônia. Ele foi forçado a admitir que o Deus de Daniel era “Deus dos deuses e o Senhor dos reis” (Daniel 2.47). Aos judeus foi dada a liberdade para adorar seu Deus e ensinar acerca dEle. Embora um grupo de Judeus tivesse regressado à Jerusalém, quando isso lhes foi permitido, muitos permaneceram na Babilônia e mais tarde estabeleceram-se em outros lugares por todo o império, de um Libertador vindouro. Não admira, pois, que lemos em Mateus 2.1,2, que os magos ou sábios, orientados pela estrela, vieram do oriente à Jerusalém, procurando adorar ao recém-nascido rei dos Judeus.
Os judeus que não permaneceram na Babilônia e nem retornaram à Palestina, dirigiram-se a lugares como Egito, Grécia, Macedônia, Roma e outras cidades principais da Ásia Menor. (Esse movimento que espalhou os judeus se denomina diáspora ou dispersão). Finalmente havia colônias judaicas em todas as nações do império romano. De fato havia mais judeus vivendo fora da Palestina do que dentro dela.
Como resultado da dispersão, os ensinamentos sobre o único e verdadeiro Deus e o vindouro Messias tornaram-se largamente conhecidos. Um considerável número de não-judeus da Palestina e de outros lugares uniu-se à religião judaica, reconhecendo a superioridade da mesma às crenças pagãs. Esses novos adeptos eram chamados prosélitos e tementes a Deus. Prosélitos eram todas aqueles que se submetiam a todos os requisitos da Lei, incluindo a circuncisão. Eram tratados como membros plenos da comunidade judaica. Os tementes à Deus, em contraste com isso, eram aqueles que aceitavam os ensinamentos judaicos, mas não assumiam a obrigação de cumprir a Lei. Esses não eram considerados membros plenos.
3. A Septuaginta. Por onde quer que os judeus fossem, levavam suas Escrituras e as ensinavam nas sinagogas que formavam. Durante o período inter testamentário, as Escrituras do Antigo Testamento foram traduzidas para o grego. Essa tradução foi produzida na cidade de Alexandria, no Egito. Recebeu o nome de Septuaginta, palavra que significa setenta, porque, de acordo com a tradição, o trabalho de tradução foi efetuado por setenta e dois eruditos. Essa tradução ajudou a propagar os ensinamentos do Antigo Testamento por todo o mundo de fala grega, antes mesmo do nascimento de Cristo. Era usada pelos judeus, seus convertidos, pelos escritores do Novo Testamento e pelos primeiros pregadores do evangelho.
O Judaísmo no Novo Testamento. Vimos como os desenvolvimentos inter testamentários do judaísmo prepararam o mundo para a pregação do evangelho. Vejamos agora alguns aspectos específicos da própria religião judaica conforme ela existia nos dias do Novo Testamento. Esses aspectos são com freqüência referidos nas páginas do Novo Testamento.
Os grupos religiosos. Havia dois partidos ou facções principais dentro do Judaísmo: os fariseus e os saduceus. Os fariseus julgavam-se o verdadeiro Israel de Deus. O nome fariseu significa “separado”. Eles seguiam rigidamente a lei escrita e as tradições dos anciãos, aceitando também os escritos proféticos. Na sua submissão à lei, eles eram assessorados pelos escribas, que interpretavam a lei e ajudavam-nos a aplicá-la às flutuantes condições da vida diária. Criam na existência dos anjos e dos espíritos, bem como na ressurreição dos mortos. Praticavam a oração ritual e o jejum, e davam dízimos daquilo que possuíam. Não trabalhavam em dia de sábado e nem permitiam que alguém o fizesse. O povo, sobre quem eles exerciam considerável influência, respeitavam-nos como homens santos. Zelosos em prol do judaísmo, eles conquistavam muitos não-judeus às suas crenças. Antes da conversão à Cristo, o apóstolo Paulo, fora fariseu. Tanto os escribas como os fariseus mostravam-se ativos nas sinagogas.
Os saduceus, em contraste com os fariseus, aceitavam a lei mosaica como autoritativa. Eles rejeitavam as tradições dos anciãos e não acreditavam em anjos, espíritos e nem na ressurreição dos mortos. Deixavam se influenciar mais pelo sacerdócio, pelo templo e pelo poder político. Quase todos os saduceus eram sacerdotes.

Continua no próximo post.

sexta-feira, outubro 21, 2016

Introdução ao Novo Testamento - 02.


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2. A Cultura Grega. Embora os romanos fossem os dominadores políticos do mundo, era o idioma e o pensamento gregos que dominavam a cultura da época. Um idioma e um mundo! Esse era o lema e a ambição de Alexandre, o Grande. Quando ele fez as suas conquistas, tomou providencias para unificar todas as nações dominadas sob o seu controle. O idioma grego passou a ser ensinado por toda a parte do seu império. A cultura grega foi introduzida como o padrão de pensamento e da vida diária. Isso produziu um profundo impacto sobre o povo do mundo do Novo Testamento. (A cultora grega também é chamada cultura helênica. A pessoa cuja cultura era grega era chamada helenista, embora não fosse grega de nascimento).
Se o império político de Alexandre o Grande foi de breve duração, seu impacto cultural foi grande e duradouro. Por muitos séculos, o mundo mediterrâneo inteiro exibiu as marcas da influência helenista. Tornaram-se generalizados os costumes e as maneiras gregos. Muitas cidades copiavam o estilo da arquitetura grega. O espírito de inquirição dos gregos, que gostavam de especular sobre a origem e o significado do universo, de Deus e dos homens, do bem e do mal, também foi adotado pelas nações influenciadas pela cultura grega. O grego tornou-se o idioma dos governantes e a língua comum dos escravos. Cartas, poemas e transações comerciais eram todas redigidas em grego. No Novo Testamento, o termo grego é usado afim de referir-se não somente ao povo da Grécia, mas também ao povo que falava o grego, e pertenciam a outras nações não-judaicas. O grego tornou-se generalizado como idioma.
Quando os romanos chegaram ao poder, encontraram no idioma grego um meio ideal para comunicar-se com seus territórios capturados. Jovens romanos eram enviados para serem educados em universidades gregas, como as de Atenas, Rodes e Tarso. Finalmente na própria capital do Império, o grego tornou-se largamente falado.
O idioma grego era realmente um veículo inigualável para expressar a mensagem cristã. Visto que esse idioma era tão largamente usado, os apóstolos podiam pregar em grego, sem a necessidade de intérpretes. O uso generalizado desse idioma também explica por qual razão todos os livros do Novo Testamento, escritos quase todos por judeus, foram originalmente escritos em grego. Quando Cristo veio com a mensagem de Deus para o mundo inteiro, havia uma língua universal, com a qual Ele podia comunicar-se com todos.
3. A Religião Judaica. Já vimos como Deus usou o poder romano e a cultura grega para preparar o mundo para ouvir a mensagem de Cristo. Deus também usou o povo e a religião judaicos com esse mesmo propósito. Ele se revelou aos judeus e lhes conferiu predições a respeito do Messias que viria. Essas revelações e profecias foram registradas e reunidas no Antigo Testamento. Os ensinamentos do Antigo Testamento propagaram-se por muitos lugares do mundo em resultado da vida e da religião judaica que ocorreu durante o exílio e o período inter testamentário.
O Judaísmo no Período Intertestamentário.
Três principais desenvolvimentos surgiram no judaísmo durante o exílio e os anos do período intertestamentário. Esses três foram o surgimento da sinagoga e sua forma de adoração, a conversão de muitos não judeus ao judaísmo, e a tradução das Escrituras do Antigo Testamento para o grego.
1. A Sinagoga. Quando os judeus foram levados ao exílio, levaram consigo as Escrituras do Antigo Testamento. Esses escritos formavam a base da prática religiosa deles. Durante o cativeiro, não podiam adorar no templo e nem oferecer sacrifícios de animais. Entretanto eles deram continuidade à sua adoração ao verdadeiro Deus.
Eles passaram a se reunir em agrupamentos chamados sinagogas, a fim de discutirem sobre as Escrituras e serem instruídos nelas. Dez ou mais homens podiam formar uma sinagoga, e podia haver mais de uma sinagoga em cada cidade. A adoração típica da sinagoga incluía leituras da lei e dos profetas. Os profetas haviam escrito sobre a vinde de um Messias, que os livraria do cativeiro.

Continua no próximo post.

domingo, outubro 09, 2016

Introdução ao Novo Testamento – 01.


O mundo do Novo Testamento.
O mundo para o qual Jesus Cristo veio foi moldado por três importantes influências: O poder militar dos romanos, a cultura dos gregos e a religião dos judeus. Deus usou cada uma dessas influências para preparar o terreno para o tempo em que Seu Filho iniciaria o seu ministério terreno. Conforme diz o trecho de Gálatas 4.4, Deus enviou o Seu Filho na “plenitude do tempo”.
Por meio dos escritos humanos, Deus deu ao Novo Testamento a forma de uma unidade harmônica. Seus vinte e sete livros incluem vários tipos de literatura. Foram escritos em ocasiões diversas e sob variadas circunstâncias. Alguns desses livros foram escritos para narrar eventos específicos, e outros para abordar determinados problemas. Em todos eles, porém, há uma importante mensagem: Deus estabeleceu um novo acordo, pacto, aliança ou testamento com o homem, por meio de Jesus Cristo, chamado de Nova Aliança.
Diversas forças diferentes contribuíram para dar forma ao mundo do Novo Testamento. Por exemplo, consideremos esses fatos. Embora os romanos governassem a Palestina, quando o Novo Testamento foi escrito, a língua usada para escrever o Novo Testamento foi o grego. Jesus, cuja história está narrada no Novo Testamento, era judeu e era o Messias cuja vinda fora profetizada, predita, pelas Escrituras do Velho Testamento. Outrossim, nas páginas do Novo Testamento lemos acerca de pessoas que seguiam muitas variedades de religiões pagãs e de cultos misteriosos. Vejamos então quais foram as forças que moldaram o mundo do Novo Testamento.
1. O poder de Roma. Lemos em Lucas 2.1: “Naqueles dias, foi publicado um decreto de César Augusto, convocando toda a população do império para recensear-se” – RA. César era o título conferido aos imperadores romanos. Em alguns trechos do Novo Testamento, o imperador romano também é chamado “rei” (1 Pedro 2.17, por exemplo). No tempo em que o Novo Testamento foi escrito o império romano estendia-se desde a extremidade ocidental do mar Mediterrâneo até o rio Eufrates no Oriente Médio. Todo esse grande território estava sob o governo do imperador. Os romanos dividiam o seu império em províncias – áreas com bases militares. Diversas dessas províncias são mencionadas por nomes nas páginas do Novo Testamento, como a Macedônia, a Acaia, a Síria, a Ásia, a Galácia e a Panfília.
O poder militar e a força política de Roma haviam produzido a unidade política, a paz militar e a liberdade de comércio e de transporte. As várias nações que Roma conquistou estavam debaixo de um único governo. A paz romana foi imposta, cessando as guerras entre essas nações. Aos cidadãos romanos eram outorgadas proteções especiais. Podiam dirigir-se a qualquer parte do império sem o temor de serem injustamente aprisionados ou maltratados. O apóstolo Paulo, por exemplo, que foi notavelmente usado por Deus para propagar a mensagem de Cristo em novas regiões, ocasionalmente teve de depender de proteção especial desfrutada por ele como cidadão romano que era. (Veja em At 16.38: “Os oficiais de justiça comunicaram isso aos pretores; e estes ficaram possuídos de temor, quando souberam que se tratava de cidadãos romanos” – RA e em Atos 22.29: “Imediatamente, se afastaram os que estavam para o inquirir com açoites. O próprio comandante sentiu-se receoso quando soube que Paulo era romano, porque o mandara amarrar” - RA).
Os romanos eram excelentes construtores de boas estradas e de pontes fortes. As estradas eram conservadas livres de assaltantes. Elas ligavam a capital, Roma, com todos os rincões do império. Dizia-se: “Todos os caminhos levam a Roma”. Os mares eram mantidos livres de piratas. Como nunca antes, havia segurança, liberdade e facilidade de viagens e de comunicação.

segunda-feira, agosto 22, 2016

A Doutrina do Pecado - 06.


Continuação do post anterior.
Continuação da Restauração Espiritual.
Juntamente com o dom da salvação aparecem várias responsabilidades para o crente recém convertido. Ele deve andar “na luz” (1 João 1.7: “Se, porém, andarmos na luz, como Ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado” - RA; João 1.4-9: “A vida estava nele e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela. Houve um homem enviado por Deus cujo nome era João. Este veio como testemunha para que testificasse a respeito da luz, a fim de todos virem a crer por intermédio dele. Ele não era a luz, mas veio para que testificasse da luz, a saber, a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem.” - RA). Apesar dos crentes jamais atingirem a perfeição nesta vida, eles podem andar na luz, mostrando-se inclinado para a mesma. Quando o crente faz isso, acontecem então duas coisas: 1) Ele desfruta de comunhão com outros crentes; e 2) ele é purificado. A purificação tem lugar quando o Espírito Santo revela-lhe as suas falhas, as suas atitudes erradas, os seus pecados de qualquer espécie. O crente precisa continuar confessando esses pecados, resolvido a resistir às futuras tentações, ao mesmo tempo em que viverá debaixo do controle do Espírito (ver Romanos 8.5: “Porque os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito” - RA).
A Restauração Física. Não somente Jesus proveu o necessário para a nossa restauração espiritual, mas a Sua morte na cruz também deu provisão para a nossa restauração física. A enfermidade que faz parte da maldição divina contra o pecado perdeu o seu domínio sobre a humanidade quando Cristo morreu na cruz. A Bíblia ensina-nos que a cura faz parte da restauração por Ele efetuada. Parte da mais linda poesia bíblica foi composta em alusão à cura que Ele provê: “Verdadeiramente Ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si, e nós o reputamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas Ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Isaías 53.4,5).
Jesus curou um número incontável de pessoas enfermas, durante o Seu ministério público na terra. Ele também instruiu que aqueles que forem enviados a pregar a mensagem do reino de Deus, igualmente curassem os enfermos (ver Mateus 10.7,8; Marcos 16.18; e Lucas 9.1,2 e 10.9).
Depois que Jesus subiu ao céu, os milagres de cura continuaram a ser realizados pelos Seus seguidores. O livro de Atos está repleto de relatos sobre milagres de cura. Outrossim, Tiago ensina que os anciãos das igrejas deveriam orar pelos enfermos, na esperança que Deus os curaria (veja Tiago 5.14: “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor” - RA). Isso concorda com a declaração de Jesus de que Ele viera para que as Suas ovelhas tivessem vida, e a tivessem am abundância (veja João 10.10: “O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” - RA).
O mundo ainda não está livre de todo sofrimento e de enfermidades; mas o testemunho, ao longo da história eclesiástica, é que aqueles que confiam em Jesus podem ser curados em resposta à oração da fé. Dessa maneira podemos experimentar benefícios espirituais, físicos e eternos, por causa da provisão, feita por nosso Senhor Jesus na cruz do calvário. Por meio de Adão, o pecado entrou na raça humana; por meio de Jesus Cristo fomos libertados do pecado e de seus efeitos! Elevemos os nossos corações em louvor a Ele, em face do Seu grandioso dom da salvação.
A bondade e a beleza da Criação por Deus são anteriores ao pecado original. Elas continuam maiores e mais importantes que o pecado em todas as suas formas. Por sua vez, Cristo, assumindo a criação, lhe dá nova valorização, remindo-nos do pecado.

sexta-feira, agosto 05, 2016

A Doutrina do Pecado - 05.


Continuação do post anterior.
Outras conseqüências do Pecado.
A Sujeição Física. As enfermidades e as mazelas do corpo eram desconhecidas por Adão e Eva, no jardim do Éden. Germes, vírus e doenças de todos os tipos apareceram como resultado do pecado e dali por diante têm sido vistos em conexão com o mesmo e com o julgamento divino (Êxodo 15.26; Deuteronômio 28.58-62). A dor, o cansaço e a decadência física fazem parte do processo iniciado pelo pecado, o qual, finalmente leva à morte física (Gênesis 3.16-19). De fato, a morte cerca a humanidade, como resultado da queda do homem no pecado. A existência humana neste mundo também é marcada pela oposição de satanás aos esforços humanos para aproximar-se de Deus, viver para Ele e adorá-lO (Gênesis 3.15).
Um Meio Ambiente Hostil. Por causa da maldição divina resultante do pecado, o universo inteiro sofre (ver Gênesis 3.17,18). A vida animal mostra-se voltada para a selvageria. O trecho de Isaías 11.6-9 indica que, no vindouro reino de Deus, os animais irracionais serão pacíficos e não selvagens. Isso leva-nos a crer que a atual ordem de selvageria resulta da maldição causada pelo pecado; os animais mais fortes fazem presa dos mais fracos e a harmonia na natureza foi perturbada.
A vida vegetal também revela os maus efeitos do pecado. Sarças e espinheiros abafam as plantas úteis. Os alimentos não são produzidos sem muito esforço por parte do homem, pois a luta para obter alimentos de seu meio ambiente cobra um alto preço em seu corpo. Veja como o apóstolo Paulo, descreve essa situação: “Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus... na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora” (Romanos 8.19-22).
Separação e Punição Eterna. O resultado final do pecado, que passamos a mencionar, é o mais triste de todos. A Bíblia revela-nos que os pecadores impenitentes terão de sofrer a punição eterna. Como eu gostaria que fosse diferente; mas, não ouso fechar os olhos diante de uma linguagem bíblica tão clara.
A restauração do pecador.

Em meio a todo o desespero, brilha intensamente um raio de esperança. Deus, em Sua misericórdia, proveu um meio de escape para o homem não sofrer as conseqüências da morte espiritual. Ele providenciou um caminho até a glória eterna, em Sua presença, para todos aqueles que aceitarem o Seu gracioso oferecimento. Você e eu podemos ser restaurados tanto espiritual como fisicamente, e assim os efeitos do pecado poderão ser cancelados.
Continua no próximo post.

quinta-feira, julho 21, 2016

A Doutrina do Pecado - 04.


Continuação do post anterior.
As conseqüências do pecado.
O terceiro capítulo de Gênesis narra as trágicas conseqüências do primeiro pecado. Da mesma maneira que Deus havia dito: “... da árvore da ciência do bem e do mal dela não comerás...”, também avisou: “... porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gênesis 2.17). Não considerando o aviso do Senhor e tendo tomado do que era proibido, o homem nada mais poderia esperar do que as prometidas conseqüências. Examinemos, de modo passageiro, as principais conseqüências do pecado original do homem.
Relacionamento Interrompido com Deus. O conhecimento e a conseqüência de que haviam desobedecido deliberadamente a Deus trouxeram, para os nossos primeiros pais, o imediato senso de culpa. A inocência deles acabara-se e eles sentiam-se condenados por sua consciência. Perceberam sua nudez diante um do outro e diante de Deus e, cheios de vergonha, tentaram esconder-se dEle. Quando Deus os confrontou com o que haviam feito, cada qual tentou lançar a culpa sobre o outro. Adão queixou-se de Eva, e Eva queixou-se da serpente (ver Gênesis 3. 12,13). E, com essa trágica confissão, a linda e pessoal relação com Deus chegou ao fim. Eles experimentaram assim a morte espiritual (ver Gênesis 2.17: “mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” - RA) e foram expulsos em seguida do jardim do Éden, a fim de levarem, dali por diante, uma vida muito diferente daquela que até então haviam conhecido.
Uma Natureza Pecaminosa. O pecado de Adão e Eva corrompeu não somente os seus próprios corações, mas também de todos os seus descendentes. A Bíblia declara que aquele pecado de Adão e Eva foi o princípio corruptor que foi herdado por cada um dos seus descendentes, atingindo, portanto, cada ser humano (Romanos 5.12: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” - RA). O mundo inteiro, pois, ficou debaixo do domínio do pecado (Veja Gênesis 3.22). E, juntamente com essa servidão ao pecado, tornamo-nos “filhos da ira” (Efésios 2.3: “entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais” - RA). Essa natureza pecaminosa torna impossível que as pessoas agradem a Deus. Cada indivíduo age maldosamente por causa de sua natureza corrompida, por causa daquilo que ele é.
A Bíblia declara que já nascemos com essa natureza corrompida (veja Salmo 51.5: “Eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe” - RA). Gostamos de imaginar que as crianças são perfeitas, destituídas de natureza pecaminosa. Mas, quando vemos os pequenos irmãos e irmãs brigarem uns com os outros, então percebemos que o egoísmo faz parte da natureza humana. A tendência das crianças para a desobediência também deriva-se dessa natureza pecaminosa.
Então vemos que cada parte do ser humano foi corrompida pelo pecado. E nesse estado, o homem nada pode fazer que agrade a Deus. Isso não significa que uma pessoa sem Deus não pode fazer ou apreciar atos de bondade e gentileza com o próximo. Mas significa que enquanto o indivíduo não é espiritualmente revivificado, nada pode fazer que seja digno da aprovação do Senhor. A semelhança de Deus, que há no homem foi desfigurada.
Não somente sofremos com as conseqüências do pecado de Adão e por causa dos efeitos da natureza pecaminosa que recebemos da parte dele, mas também sofremos com s conseqüências dos nossos próprios pecados. Se eu for um preguiçoso e não quiser trabalhar, então terei de sofrer as conseqüências disso (como também a minha família).
Com freqüência temos de sofrer, não somente como resultado de nossos próprios pecados, mas também as conseqüências dos pecados das outras pessoas. Os cidadãos de um país cujos governantes sejam corruptos não podem desfrutar das vantagens que um bom governo lhes ofereceria. Os filhos de um pai alcoólatra podem sofrer os maltratos resultantes de uma mente intoxicada pela bebida. Muitas pessoas morrem em acidentes de trânsito por causa de motoristas bêbados. A sociedade em geral sofre por causa dos abusos causados pelos criminosos e então é obrigada a pagar pelos custos do confinamento desses criminosos nas prisões.
Vimos, anteriormente, que o lado bom do homem pode ser admirado. Mas agora estamos considerando o lado trágico do homem. O homem sem Deus fica depravado. A medida em que se aproximarem os últimos dias, poderemos esperar ver as mais terríveis condições na sociedade humana, por toda a parte. Sob a inspiração profética, o apóstolo Paulo escreveu:
Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos porque haverá homens amantes de si mesmo, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes aos pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te” (2 Timóteo 3.1-5).

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quarta-feira, junho 15, 2016

A Doutrina do Pecado - 03.


Continuação do post anterior.
A Natureza do Pecado.
Não seria bom para nós se o pecado fosse alguma substância física que pudesse ser isolada? Poderíamos então convidar pesquisadores para descobrirem alguma droga ou soro, a fim de destruir tal substância. Então equipes de especialistas poderiam ir de uma comunidade para outra, aplicando injeções que pusessem fim ao poder e as consequências do pecado. Não demoraria muito para que a sociedade humana fosse totalmente transformada e as pessoas começassem a viver, realmente, para a glória de Deus. Porém sabemos que o pecado não é algum micróbio ou vírus. Qual é, pois, a real natureza do pecado?
Já vimos uma breve definição do pecado, que é a desobediência e o não moldar-se à Palavra de Deus. Envolve tudo quanto as pessoas fazem de errado. Inclui fazer aquilo que não deveríamos fazer e não fazer aquilo que devemos fazer.
O idioma hebraico em que foi escrito o Antigo Testamento e o dialeto grego em que foi escrito o Novo Testamento empregam vocábulos expressivos para descrever o ato de pecar contra Deus. Os estudiosos da Bíblia que têm estudado a formação de palavras, explicam quais ideias estão envolvidas, O estudo das Palavras que eles têm feito nos permite entender melhor a palavra pecado. Cada um dos termos usados expressa de maneira diferente alguma atitude ou ação que provoca a desaprovação do Senhor. Consideremos alguns desses termos. (Os termos usados em modernas traduções da Bíblia podem não ser exatamente os mesmos que aqueles que damos aqui e que são derivados de expressões hebraicas ou gregas.

  1. Transgressão (Romanos 5.14-17). Transgredir ou traspassar significa invadir a propriedade ou os direitos de outra pessoa. Quando vemos um cartaz que diz: “Proibida a entrada”, sabemos que o seu significado é que alguém não deseja que sua propriedade seja invadida. Para impedir isso, as propriedades são cercadas claramente em seus limites. Às vezes, incluem-se no aviso, a pena para quem transgredir. De igual modo, Deus estabeleceu certos limites morais para o homem, aos quais chamamos de leis. Quando uma pessoa transgride, ultrapassa essas linhas, ela está pecando – ignorando a lei de Deus. O pecado consiste na transgressão da lei de Deus (ver 1 João 3.4: Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei.” - RA).
  2. Errar o alvo (Êxodo 20.20: “ Respondeu Moisés ao povo: Não temais; Deus veio para vos provar e para que o seu temor esteja diante de vós, a fim de que não pequeis.” - RA). Quando uma pessoa peca, ela deixa de cumprir o propósito de Deus para a sua vida. Nesse sentido, pois, o pecado é o mesmo que errar o alvo. A pessoa erra quanto àquilo que Deus planejou para ela. Errar o alvo faz parte do vocabulário dos arqueiros, quando alguém deixa de acertar a mosca ou centro de um alvo.
  3. Egoísmo (Salmo 119.36; Filipenses 2.3). O primeiro ato de desobediência foi causado pelo egoísmo, pois o homem desejou aquilo que sentiu que Deus lhe havia negado. Isso apelou para sua vaidade ou orgulho.
  4. Rebeldia (Êxodo 23.21; 1 Samuel 24.11). Rebelar-se é desobedecer ou agir contra a autoridade de alguém. É desviar-se da lei de Deus. Isaías ilustra isso quando escreve: “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho... “ (Isaías 53.6). É precisamente isso que os homens fazem o tempo todo. Cada qual quer “fazer aquilo que lhe agrada” - seguindo os seus próprios desejos. A mesma coisa acontece em todas as comunidades e nações. As pessoas não querem seguir pela vereda que Deus determinou para elas.
  5. Imundície (Tiago 1.27: “ A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo.” - RA). Quando uma pessoa peca intencionalmente, tem a consciência de estar fazendo o que é errado, pois a sua consciência a condena. O sentimento de culpa, despertado pelo pecado, faz o indivíduo notar a sua própria imundície. O indivíduo sente-se sujo. Eis a razão pela qual as escrituras falam sucre a necessidade de purificação – por causa da poluição do pecado (Ver Salmos 51.2,7: “ Purifica-me com hissopo, e ficarei limpo; lava-me, e ficarei mais alvo que a neve.” - RA; 1 João 1.7: “ Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado.” - RA).
    Fazendo um breve sumário, o pecado consiste na desobediência a Deus, por parte de Suas criaturas inteligentes. Qualquer coisa cujo alvo não seja a glória de Deus é pecado (ver Romanos 3.23). Qualquer coisa existente no homem que não expresse o santo caráter de Deus, ou seja contrário ao mesmo, é pecado.
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sábado, março 12, 2016

A Doutrina do Pecado - 02.


Continuação do post anterior.
A Origem do Pecado.
Durante muitos séculos, os estudiosos têm debatido se o pecado é eterno e se sempre existiu paralelamente ao bem..Alguns deles têm chegado à conclusão que o conflito entre o que é certo e o que é errado sempre existiu e que isso continuará por toda a eternidade. Teria havido um tempo quando só existia o bem? Nesse caso, quando foi que o pecado fez a sua aparição? Tentemos encontrar respostas para essas perguntas procurando conhecer a origem do pecado, no universo e na raça humana.
No Universo. Vejamos o que as Escrituras dizem a respeito da origem do pecado no universo. Revisemos de modo sucinto esses fatos, para vermos como eles estão relacionados à propagação do pecado à raça humana:
  1. Os anjos foram criados como uma companhia de seres pessoais santos e perfeitos, cuja vontade inclinava-se para obedecer ao Criador.
  2. Aparentemente, os anjos tinham a capacidade de escolher e de compreender as consequências da desobediência.
  3. Um dos anjos, satanás, ocupava uma posição exaltada (Ezequiel 28.12; 2 Coríntios 4.4;e Efésios 2.2).
  4. Evidentemente, satanás foi o líder da rebelião contra o Senhor Deus, desde o começo (João 8.44; 1 João 3.8).
  5. Com base em referências a reis terrenos que parecem representar satanás, deduzimos que o seu pecado começou com a ambição e a soberba (orgulho). (Comparar Ezequiel 28.11-19 e Isaías 14.13,14 com 1 Timóteo 3.6)
As passagens bíblicas acima ajudam-nos a entender que satanás estava descontente com a sua posição, sob o poder de Deus. Interessava-se mais por sua própria ambição do que em servir ao Senhor. Ficou tão cego, ante sua própria beleza, que parece haver pensado que poderia ultrapassar ao Criador. Mostrava-se egoísta, descontente e cobiçoso, desejando não somente aquilo que o seu Criador lhe concedera, mas também aquilo que o Senhor reservava para Si mesmo. Os sintomas do pecado que vemos em satanás, aparentemente foram as causas básicas do pecado, entre todos os anjos que caíram.
Tudo isso reveste-se de grande importância para nós, porque quando satanás e seus anjos rebelaram-se contra Deus, o pecado tornou-se um princípio fundamental na vida existente no universo. O pecado deles representava oposição ao governo do nosso amoroso Pai celestial. O propósito de satanás, dali por diante, foi o de frustrar o plano de Deus em cada área do universo. Ele encabeça um sistema mundial que faz oposição a Deus e ao seu governo.
Na Raça Humana. Conforme já vimos, Deus criou o homem sem qualquer natureza pecaminosa, deixou-o em um meio ambiente ideal, e providenciou tudo para a satisfação de todas as suas necessidades. Deus deu a Adão uma mente poderosa e ocupações abundantes para nelas dispender o seu tempo e energias. Também deu a Adão uma ajudadora apropriada para servir-lhe de companheira. Em seguida, o Criador decretou algumas regras simples a serem observadas, advertindo a Adão e Eva sobre as consequências da desobediência. Então entrou em íntima comunhão com aquele primeiro casal.
O aviso dado por Deus a Adão e Eva era um teste simples. Em meio às provisões e privilégios abundantes, foi-lhe negada uma única coisa: o fruto de uma certa árvore. Esse teste tinha por propósito mostrar a obediência ou desobediência deles à vontade do Senhor. Adão e Eva não foram criados como autômatos para viverem para a glória de Deus sem qualquer escolha. A vontade deles inclinava-se para Deus; mas, visto que eles tinham o poder de aceitar ou rejeitar essa inclinação, poderiam exercer sua livre vontade e fazer uma escolha deliberada. Essa capacidade é uma condição necessária para um teste dessa natureza.
Satanás não teve nenhum tentador quando se rebelou contra Deus, mas os primeiros seres humanos tiveram. Pouco depois de Adão e Eva terem sido postos no jardim do Éden, satanás aproximou-se de Eva, dando a entender que Deus estava negando, a ela e a Adão, alguma coisa que era boa e benéfica. É de se admirar que Eva não tenha feito qualquer objeção à séria acusação de satanás contra Deus. De fato, quando satanás virtualmente declarou que Deus era mentiroso, ao afirmar: “Certamente, não morrereis” (Gênesis 3.4), Eva nem protestou e nem procurou suavizar a falsa declaração satânica contra o santo caráter de Deus. Antes, ela apenas buscou os benefícios que ela mesma poderia ganhar, se seguisse a palavra do tentador. Essa palavra apelou para os seus sentidos, para os seus apetites, em uma ambição que acabara de ser despertada.
Dessa maneira, mediante um ato de sua vontade e por causa do engodo de satanás, Eva resolveu fazer o que queria, ao invés de fazer o que Deus queria. O trecho de Gênesis 3.1-5 mostra-nos que ela queria: 1) ter aquilo que Deus havia proibido; 2) saber o que Deus não havia revelado; e 3) ser aquilo que Deus não tencionava que ela fosse.
Dessa maneira, Eva preferiu o próprio “eu” e não a Deus e é nisso que consiste o pecado. Olhando para o fruto, ela raciocinou que, visto ser o mesmo bom para comer, não seria errado comê-lo. Ela também pensou que, visto que o fruto daquela árvore era agradável e lhe traria conhecimento, comê-lo não seria errado. Porém, ela esqueceu-se do fato mais importante: Deus havia proibido que se comesse daquele fruto! Vendo somente o que queriam ver, ela e Adão comeram do fruto, em franca desobediência à Palavra de Deus. Não perguntaram se aquele ato glorificaria a Deus, embora tivessem inteligência suficiente para entender as consequências. Por qual motivo não consideraram com mais cuidado o que estavam fazendo?
Foi assim que os nossos primeiros antepassados preferiram ignorar deliberadamente o aviso divino. Embora tivessem sido tentados, ninguém os havia forçado a agir contra as instruções do Senhor. Esse ato de desobediência foi o que produziu o pecado na raça humana (ver Romanos 5.12) e a atitude que levou a esse pecado, continua atuando nos homens. Foi desse modo que o pecado entrou no mundo, envolvendo a humanidade com sua má influência, destruindo o feliz relacionamento do homem com Deus. O pecado prossegue em seus maus efeitos sobre cada descendente de Adão. Cada pessoa herda de Adão uma natureza pecaminosa que, se não for corrigida, levará eventualmente à morte e a condenação espiritual.

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segunda-feira, fevereiro 08, 2016

A doutrina do Pecado - 01.


A Doutrina do Pecado – 01.
O pecado pode ser definido como a desobediência e como o fracasso, por não conformar-se às leis dadas por Deus, a fim de orientar as Suas criaturas racionais. Visto que a lei de Deus é uma expressão de sua natureza moral, o homem deve moldar-se a essa lei, a fim de agradar a santa pessoa divina. A Bíblia revela claramente para nós a realidade do pecado, bem como a sua origem, natureza, consequências e cura. Todos esses aspectos do pecado serão abordados enquanto formos avançando neste estudo.
Conforme vimos anteriormente, o homem é uma criatura racional. Assim ele deve saber que é culpado de pecado se: 1) fizer aquilo que não deve fazer; 2) não fizer aquilo que deve fazer; 3) for aquilo que não deve ser, ou 4) não for aquilo que deve ser. Há muitas provas sobre a realidade do pecado. A primeira delas encontra-se na Bíblia.
O Pecado Visto nas Provas bíblicas. O pecado é um dos principais assuntos encontrados na Bíblia. O terceiro capítulo do livro de Gênesis registra a primeira vez que o homem pecou. O quarto capítulo desse livro continua a narrativa dizendo-nos como o problema continuou a afetar o filho dos nossos primeiros pais. Nessa altura dos acontecimentos, Deus fez um comovente apelo a Caim: “… eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo” (Gênesis 4.7). Caim, entretanto sucumbiu diante de seus sentimentos de inveja, ódio e rebelião e, por causa disso, matou o seu próprio irmão.
Por muitas e muitas vezes, encontramos o problema do pecado, quando lemos as Escrituras Sagradas. Deus deu a Lei escrita para guiar o seu povo no começo da experiência dos israelitas (Veja em Êxodo 20.1-17). Ele também instruiu a Moisés em todos os preceitos destinados a Seu povo, e disse claramente como o pecado poderia ser expiado, orientando o povo de Israel a oferecer os sacrifícios apropriados pelos pecados por eles cometidos. (Veja em Levítico capítulos 4 a 7). Ele chegou até mesmo a determinar um dia a cada ano em que a nação inteira de Israel deveria cuidar do problema do pecado (ver Levítico capítulo 16). Os primeiros cinco livros do Antigo Testamento são chamados de livros da Lei, porquanto contêm todos os mandamentos de Deus para o Seu povo, sobre como deveriam viver santamente, além de conterem as Suas instruções para o recebimento do perdão pelos pecados.
Os livros históricos de Josué até Ester, registram o trágico fracasso do povo de Israel, por não haver obedecido aos mandamentos do Senhor. Esses livros mostram o desvio, a desobediência, a obstinação e a rebeldia de Israel contra Deus e as Suas leis.
O salmista exprimiu tristeza por causa do seu pecado, dizendo: “Tem misericórdia de mim, ó Deus... apaga as minhas transgressões. Lava-me completamente da minha iniquidade, e purifica-me do meu pecado... eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe” (Salmo 51.1,2,5). Os profetas clamaram contra o pecado que levou à queda de Israel (Ezequiel 23; Jeremias 5; Daniel 9.1-23).
O Novo Testamento relata a traição de Judas Iscariotes (Mateus 26.14-16). Retrata os sofrimentos de nosso Salvador, o qual tomou sobre Si mesmo o pecado do mundo (Lucas 22.39-44; João 19.1-3,18). Ali é descrito o plano indigno de Ananias e Safira (Atos 5.1-11). E também uma das mais vívidas evidências do pecado acha-se registrada em Romanos 1.28-32. Ali o caminho do pecado é descrito como segue:
E, como eles não se importaram de ter o conhecimento de Deus. Assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convém; Estando cheios de toda a iniquidade, prostituição, malícia, avareza e maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais e as mães, néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia. Os quais, conhecendo eles a justiça de Deus, de que são passíveis de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também consentem aos que o fazem”.
O pecado visto na necessidade de governo. Não somente a Bíblia apresenta-nos muitos exemplos acerca da realidade do pecado, como também provê evidências, através da inevitável necessidade da sociedade ser governada. Lemos em Juízes 21.25: “Naqueles dias não havia rei em Israel: porém cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos”. Até aquele tempo, Deus vinha usando juízes para dirigir os israelitas, de acordo com as Suas orientações. Porém, no oitavo capítulo de 1 Samuel descobrimos que os israelitas pediram a Samuel que nomeasse para eles um rei. Os israelitas queriam ter o mesmo tipo de governo, que tinham todas as nações em derredor (veja 1 Samuel 8,7: “Disse o SENHOR a Samuel: Atende à voz do povo em tudo quanto te diz, pois não te rejeitou a ti, mas a mim, para eu não reinar sobre ele” - RA). Visto que o povo de Deus não estava disposto a obedecer-Lhe, eles precisavam de governantes humanos.
Algumas vezes, as pessoas sonham com um meio ambiente que chamam de utopia, isto é, um lugar ou estado ideal, onde imperam a justiça perfeita e a harmonia social. Nesse estado utópico, cada qual ocupa-se com os seus próprios negócios, contribui alegremente para o bem estar dos outros e desfruta das coisas boas da vida ao máximo. No entanto, neste mundo é impossível uma sociedade tipo utopia. Os seres humanos são egoístas e rebeldes por natureza. O pecado é uma grande realidade da vida, que temos de enfrentar diariamente, ninguém escapa dos seus efeitos. As trágicas consequências do pecado são noticiadas pelos jornais, pelo rádio, pela televisão, em revistas, etc. Indicando claramente a necessidade da nossa sociedade ser controlada pelo governo humano.
O pecado é uma realidade. Não resulta da superstição nem da falta de educação. Resulta da natureza dos homens e das mulheres, que vivem de modo contrário às leis de Deus e de conformidade com os seus próprios maus desejos.
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