quinta-feira, agosto 02, 2018


Introdução ao Novo Testamento – 25.
Continuação do post anterior.
Tiago e Gálatas: cartas à jovem igreja.
Há várias epístolas do Novo Testamento relacionadas ao livro de Atos. É provável que essas epístolas tivessem sido escritas durante o período histórico abrangido pelo livro de Atos. Elas podem ser divididas em três grupos, conforme a seguir:
  1. Cartas provavelmente escritas antes do Concílio de Jerusalém, em Atos 15:
    1. Tiago
    2. Gálatas
  2. Cartas vinculadas à segunda e a terceira viagens missionárias de Paulo:
    1. 1 e 2 Tessalonicenses
    2. 1 e 2 Coríntios
    3. Romanos
  3. Cartas escritas durante o aprisionamento de Paulo em Roma:
    1. Efésios
    2. Filipenses
    3. Colossences
    4. Filemom
Neste post, vamos considerar as cartas pertencentes ao grupo 1: Tiago e Gálatas.
Tiago: Os padrões do homem piedoso.
Parece que a epístola de Tiago foi escrita ainda no princípio da história da Igreja para os crentes que tinham sido judeus e que viviam em Jerusalém e noutras cidades já alcançadas pelo evangelho.
Autor. A maioria dos eruditos da Bíblia concorda que o autor da epístola de Tiago não foi Tiago, o discípulo de Jesus (Veja Mateus 4.21: “Passando adiante, viu outros dois irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco em companhia de seu pai, consertando as redes; e chamou-os” - RA), mas, Tiago, o irmão de Jesus (Veja Gálatas 1.19: “e não vi outro dos apóstolos, senão Tiago, o irmão do Senhor” - RA). Esse Tiago não creu em Jesus desde o princípio (Veja João 7.5: “Pois nem mesmo os seus irmãos criam nele” - RA). Porém, o Cristo ressurreto apareceu a ele (Veja 1 Coríntios !5.7: “Depois, foi visto por Tiago, mais tarde, por todos os apóstolos” - RA), e ele se encontrava no grupo que recebeu o Espírito Santo, no dia de Pentecostes (Veja Atos 1.14: “Todos estes perseveravam unânimes em oração, com as mulheres, com Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele.” - RA). As Escrituras indicam que ele se tornou um dos líderes da igreja de Jerusalém, tendo sido o moderador do Concílio de Jerusalém (Veja Atos 15.13,19: “Depois que eles terminaram, falou Tiago, dizendo: Irmãos, atentai nas minhas palavras. Pelo que, julgo eu, não devemos perturbar aqueles que, dentre os gentios, se convertem a Deus,” - RA). Paulo teve um encontro com ele e com os demais anciãos ao terminar sua terceira viagem missionária, a fim de narrar-lhes a obra de Deus entre os gentios.
Panorama histórico. Temos aprendido que a Igreja era fortemente judaica em seu caráter, a princípio. Quando estudamos a epístola de Tiago, vemos que seu conteúdo e estilo cabem bem dentro desse período inicial. Foi endereçada às doze tribos - uma típica expressão judaica (Veja Tiago 1.1: “Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos que se encontram na Dispersão, saudações” - RA). Emprega a palavra sinagoga para designar o lugar onde os crentes se reuniam (Veja Tiago 2.2: Se, portanto, entrar na vossa sinagoga algum homem com anéis de ouro nos dedos, em trajos de luxo, e entrar também algum pobre andrajoso” - RA). Vários personagens do Antigo Testamento são apresentados como exemplos, tais como Abraão (Veja 2.20-24: “Queres, pois, ficar certo, ó homem insensato, de que a fé sem as obras é inoperante? Não foi por obras que Abraão, o nosso pai, foi justificado, quando ofereceu sobre o altar o próprio filho, Isaque? Vês como a fé operava juntamente com as suas obras; com efeito, foi pelas obras que a fé se consumou, e se cumpriu a Escritura, a qual diz: Ora, Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça; e: Foi chamado amigo de Deus. Verificais que uma pessoa é justificada por obras e não por fé somente” - RA), Raabe (2.25,26: “De igual modo, não foi também justificada por obras a meretriz Raabe, quando acolheu os emissários e os fez partir por outro caminho? Porque, assim como o corpo sem espírito é morto, assim também a fé sem obras é morta” - RA) e Elias (5.17,18: “Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos, e orou, com instância, para que não chovesse sobre a terra, e, por três anos e seis meses, não choveu. E orou, de novo, e o céu deu chuva, e a terra fez germinar seus frutos” - RA). Tais personagens eram familiares para os cristãos de origem judaica.
Outro fato sobre a epístola de Tiago leva-nos a crer que ela pertence ao período inicial da Igreja. Embora aborde questões relacionadas à Lei, não menciona a controvérsia acerca dos gentios ou da decisão tomada pelo Concílio de Jerusalém. Parece provável que Tiago discutisse sobre essa importantíssima questão, se o Concílio citado já tivesse sido realizado, sobretudo levando em conta que o autor evidentemente foi o líder desse Concílio.
Conteúdo e esboço. Nessa epístola dirigida aos seus compatriotas judeus que haviam aceitado a Jesus como seu Messias, Tiago exprimiu seu interesse por eles. Ele queria que eles tivessem a atitude correta diante das provações e tentações, a fim de porem em prática as crenças que professavam. Ele os advertiu sobre os perigos da cobiça e do viver egocêntrico encorajando-os a exercer fé em Deus. Enquanto você lê essa epístola, use o esboço abaixo para sua orientação:
Tiago: Os padrões do homem piedoso:
  1. Sua atitude mediante provação (Leia 1.1-18).
  2. Sua reação diante do Mundo (Leia 1.18-27).
  3. Seus relacionamentos (Leia 2.1-26).
  4. Sua maneira de falar (Leia 3.1-12).
  5. Sua sabedoria (Leia 3.13-18).
  6. Sua humildade (Leia 4.1-17).
  7. Sua paciência (Leia 5.1-12).
  8. Sua fé (Leia 5.13-20).
Continua no próximo post.

segunda-feira, junho 25, 2018


Introdução ao Novo Testamento – 24.
Continuação do post anterior.
2. A Igreja Passa por Mudanças (De Atos 8.4 a 11.18). O período de mudança foi o tempo no qual a mensagem do evangelho mais penetrou no mundo gentílico. Quando grandes números de gentios se converteram, o foco de atividades gravitou de Jerusalém para Antioquia. Esse período incluiu o ministério de Felipe, Pedro e João em Samaria e na Judéia (Atos 8.4-40), a conversão de Saulo de Tarso (Atos 9.1-31) e a pregação do evangelho nas cidades de Lida, Jope e Cesaréia (9.32-11.18).
Durante esse tempo houve uma gradual diminuição dos preconceitos contra os gentios. Pedro, por exemplo, ministrou aos samaritanos – um povo de origem mista, judaica e gentílica (Atos 8.14-17.25). Posteriormente, ele foi residir com Simão o curtidor (Veja em Atos 9.43: “Pedro ficou em Jope muitos dias, em casa de um curtidor chamado Simão” - RA). Anteriormente, Pedro, como judeu rígido, jamais ter-se-ia associado a um homem que ganhava a vida curtindo couros. Depois disso, entretanto, Deus o enviou a pregar a mensagem de Cristo a um centurião romano (Atos 10). Esses acontecimentos foram significativos, pois mostraram que os gentios estavam sendo aceitos como participantes do plano remidor de Deus.
3. A Igreja Gentia é Implantada (De Atos 11.19 a 15.35). Os acontecimentos que ocorreram quando estava sendo implantada a Igreja gentílica, incluíram o ministério de ensino de Barnabé e Paulo em Antioquia da Síria (Atos 11.19-30), a figura de Pedro na prisão em Jerusalém (Atos 12.1-25), a primeira viagem missionária de Paulo (Atos 13.1 a 14-28), e a decisão tomada pelo Concílio de Jerusalém a respeito dos gentios (Atos 15.1-35).
4. Paulo cumpre o seu programa (De Atos 15.36 a 21.16). Durante esse período, Paulo partiu para a sua segunda viagem missionária (Atos 15.36-18.22), e para a sua terceira viagem missionária (18.23-21.16). Paulo deu início a sua segunda viagem missionária ao visitar as igrejas que haviam sido fundadas por ocasião de sua primeira viagem missionária. Na oportunidade, Paulo queria continuar evangelizando na Ásia Menor, mas o Espírito Santo dirigiu-o na direção da Europa (Macedônia) (Atos 18.6-10). Em resultado, diversas igrejas foram iniciadas nas áreas da Macedônia e da Acaia. A terceira viagem missionária de Paulo finalmente levou-o a Éfeso, onde ele ministrou pelo período de três anos (Atos 19.10 e 20.31).
Após ter fundado igrejas cristãs nas regiões da Galácia, da Macedônia e da Acaia, Paulo permaneceu em Éfeso, que ocupava uma posição central. Dali ele podia comunicar-se facilmente com as igrejas em derredor, enquanto ministrava em Éfeso. Aparentemente, Paulo esperava que os anciãos da igreja de Éfeso continuassem a supervisionar as igrejas, porquanto foi a eles que conferiu suas instruções finais, ao partir para Jerusalém pela última vez (Atos 20.22-31).
5. Paulo é Aprisionado em Roma (De Atos 21.17-28.31). Os eventos que levaram ao aprisionamento de Paulo em Roma incluíram sua detenção e julgamento em Jerusalém (21.17-23.30), seu relacionamento em Cesaréia (23.31-26-32), sua viagem a Roma (27.1-28.15) e seu aprisionamento ali (28.16-31).
O livro de Atos fornece-nos um modelo para o trabalho missionário cristão (Veja Atos 1.8: “mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” - RA). Nesse padrão, há três elementos que são claramente mencionados:
  1. O poder – O Espírito Santo.
  2. Os obreiros – Os cristãos.
  3. Os lugares – local, nacional e mundial.
O livro de Atos também mostra-nos a importância da oração no cumprimento do programa cristão. Os discípulos reuniram-se para orar, em atendimento a ordem de Jesus para esperarem pela descida do Espírito Santo (Veja em Atos 1.14: “Todos estes perseveravam unânimes em oração, com as mulheres, com Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele” - RA), e o Espírito realmente veio (Atos 2.1-4). Quando eram perseguidos por estarem testificando, os discípulos oravam pedindo coragem. De certa feita, o lugar onde eles estavam foi sacudido, e eles pregaram com destemor (Atos 4.23.31). Pedro e João oraram, e os crentes samaritanos receberam o Espírito Santo (Atos 8.14-17). A oração era, realmente, a prática da igreja primitiva (Veja em Atos 2.42: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações” - RA).
O livro de Atos mostra-nos que, sempre que indivíduos ou grupos de pessoas oravam, Deus os movia por meio do Espírito Santo. A mesma coisa sucede até hoje. Grandes reavivamentos têm acontecido, depois que grupos de fiéis começam a orar. Aprendamos não somente os fatos, mas igualmente os princípios espirituais do livro de Atos. Se seguirmos o padrão ali retratado, o reavivamento virá, e muitas pessoas serão atraídas para Cristo em resultado disso.
Continua no próximo post

sábado, abril 21, 2018


Introdução ao Novo Testamento – 23.
Continuação de post anterior.
Continuação das características especiais do livro de Atos.
3. O livro de Atos demonstra o verdadeiro caráter do Cristianismo. Quando a Igreja foi estabelecida, o cristianismo parecia ser uma seita ou um grupo especial dentro do Judaísmo. Jesus era o Messias prometido pelas Escrituras Judaicas, e no princípio, a Igreja compunha-se primariamente de crentes judeus. Porém, a mensagem de Cristo visava ao mundo inteiro (Veja Lucas 24.47: “e que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, começando de Jerusalém” - RA). O livro de Atos descreve como o evangelho começou a atingir aqueles que não faziam parte da comunidade judaica.
Pedro, por exemplo, testificou principalmente a judeus. Mas Deus mostrou-lhe que havia aceitado os gentios que cressem em Cristo, e Deus usou Pedro para ministrar aos gentios (Veja em Atos 10). Paulo também pregou aos judeus, mas cada vez mais concentrava a atenção nos gentios, quando a maioria dos judeus rejeitou a sua mensagem (Veja em Atos 19.9,10: “Visto que alguns deles se mostravam empedernidos e descrentes, falando mal do Caminho diante da multidão, Paulo, apartando-se deles, separou os discípulos, passando a discorrer diariamente na escola de Tirano. Durou isto por espaço de dois anos, dando ensejo a que todos os habitantes da Ásia ouvissem a palavra do Senhor, tanto judeus como gregos” - RA; em Atos 26.16-18: “16 Mas levanta-te e firma-te sobre teus pés, porque por isto te apareci, para te constituir ministro e testemunha, tanto das coisas em que me viste como daquelas pelas quais te aparecerei ainda, 17 livrando-te do povo e dos gentios, para os quais eu te envio, 18 para lhes abrires os olhos e os converteres das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus, a fim de que recebam eles remissão de pecados e herança entre os que são santificados pela fé em mim” - RA) e Atos 28.28: “ Tomai, pois, conhecimento de que esta salvação de Deus foi enviada aos gentios. E eles a ouvirão.” - RA). O livro de Atos mostra como ficou claro que o cristianismo não era uma seita judaica, mas uma forma de viver inteiramente nova, baseada na fé em Jesus como Filho de Deus e Salvador de todos os homens.
Além de mostrar a significação universal do cristianismo, o livro de Atos também defende o cristianismo contra falsas acusações. O livro de Atos dá evidências de que o cristianismo não era um movimento político cujo intuito fosse fazer oposição ao governo romano, conforme alguns, mentirosamente, diziam, Quando os judeus levaram Paulo ao tribunal, diante de Gálio, o proconsul, eles o acusaram de ensinar o povo a desobedecer a lei. Mas Gálio não aceitou o processo, dizendo que a acusação deles não era uma ameaça ao poder político de Roma. Lucas registrou outros incidentes que ilustram a mesma consideração.
4. O livro de Atos descreve o ministério de alguns dos mais proeminentes líderes que Deus usou para estabelecer a Igreja. À medida que crescia a Igreja primitiva, Deus foi levantando líderes que levassem avante o Seu propósito relativo a ela. Lucas falou sobre os ministérios de diversos desses líderes, embora concentrasse sua atenção principalmente em Pedro e Paulo. Na ocasião em que foi escrito o livro de Atos, era necessário mostrar que o apostolado de Paulo era validado pelos mesmos sinais que acompanhavam o ministério de Pedro. Ora, isso era importante porque, diferentemente de Pedro, Paulo não era um dos discípulos originais de Jesus. De fato, ele havia sido um amargo adversário da jovem Igreja (Veja Atos 8.3: “Saulo, porém, assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere” - RA; em Atos 9.1-2: “Saulo, respirando ainda ameaças e morte contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote e lhe pediu cartas para as sinagogas de Damasco, a fim de que, caso achasse alguns que eram do Caminho, assim homens como mulheres, os levasse presos para Jerusalém” - RA). Lucas fornece bastante informação a respeito de Paulo, demonstrando que seu ministério contava com a aprovação divina. Ela demonstrava as semelhanças que havia entre os ministérios desses dois homens. Por exemplo, Lucas mostrou que ambos os homens ressaltaram a obra do Espírito Santo (Veja Atos 2.38; 19.2-6) e a importância da ressurreição de Cristo (Atos 2.24-36;13.30-37). Lucas também expôs alguns pontos que tornaram semelhantes os ministérios dos dois.
Juntamente com Pedro e Paulo, Lucas mencionou ou descreveu diversos outros líderes como João, Tiago, Felipe, Estevão, Barnabé e Apolo. Cada um desses homens participou dos acontecimentos ocorridos enquanto a Igreja progredia. Todos eles foram usados por Deus para trazer judeus, gentios e samaritanos, prosélitos e até mesmo ex-discípulos de João Batista (Veja Atos 19.1-3) para a nova comunidade espiritual tendo Cristo com seu centro.
Conteúdo.
1. A igreja é fundada (De 1.1 a 8.3) O período de fundação inclui a comissão dos discípulos para o trabalho deles (Atos 1.1-11), a vinda do Espírito Santo para conferir-lhes poder (1.11 a 2.47), os eventos associados à Igreja e ao testemunho do evangelho em Jerusalém (3.1-6.7) e a pregação e o martírio de Estevão com a perseguição resultante e a dispersão dos crentes de Jerusalém (6.8-8.3).
A descida do Espírito Santo, no dia de pentecoste, foi um evento de grande significação. Vinham peregrinos de várias áreas à Jerusalém, para celebrar a festa do pentecoste (Atos 2.5-12). Quando Pedro dirigiu-se a vasta multidão reunida naquele dia festivo, explicando o que acabara de suceder, peregrinos de todas aquelas áreas, estavam presentes entre a multidão. Sem dúvida, alguns deles estavam entre os três mil que responderam ao convite de Pedro.
Continua no próximo post.


quarta-feira, janeiro 10, 2018

Introdução ao Novo Testamento – 22.
Continuação do post anterior.
Livro de Atos dos Apóstolos: o registro da Igreja em ação.
O livro de Atos nos mostra como o evangelho triunfou e se propagou a partir de Jerusalém, a capital religiosa do mundo judaico, chegando a Roma a capital política do mundo romano. Enquanto lemos, descobrimos que o Cristo ressurreto é o personagem central dessa história, porque mostra como Ele operava poderosamente através dos seus apóstolos e da Igreja, mediante o poder do Espírito Santo.
Autor, Propósito e Importância. O livro de Atos foi planejado para ser uma seqüência do Evangelho de Lucas. Trata-se da segunda porção da história dos primórdios do cristianismo, escrita por Lucas, companheiro de viagem e amigo chegado do apóstolo Paulo. Lucas foi testemunha ocular de muitos dos eventos descritos no livro de Atos. Sua presença a esses acontecimentos é indicada pelo uso do pronome “nós” (Veja em Atos 16.10: “Logo depois dessa visão, nós resolvemos partir logo para a Macedônia, pois estávamos certos de que Deus nos havia chamado para anunciar o evangelho ao povo dali” - NTLH; em Atos 20.6: “Depois da Festa dos Pães sem Fermento, nós partimos da cidade de Filipos. Cinco dias depois nos encontramos com eles em Trôade e ficamos ali uma semana” – NTLH e em Atos 27.3: “No dia seguinte chegamos ao porto de Sidom. Júlio tratava Paulo com bondade e lhe deu licença para ir ver os seus amigos e receber deles o que precisava” - NTLH, por exemplo). Guiado e inspirado pelo Espírito, ele usou seus dons literários e sua compreensão da história a fim de dar-nos um quadro vívido e exato dos anos iniciais da Igreja.
O Evangelho de Lucas termina com a ordem que Jesus deu aos Seus discípulos sobre terem de esperar pela vinda do Espírito Santo e com a narrativa de Sua ascensão (Lucas 24.49-51). O livro de Atos, por sua vez, começa com esses dois acontecimentos (Atos 1.4-9), e então passa a descrever as atividades dos discípulos, após a ascensão de Cristo. Os eventos descritos no livro de Atos seguem as ocorrências historiadas no evangelho de Lucas de uma maneira natural e lógica. Através do livro de Atos, Lucas continuou a instruir Teófilo na fé cristã, demonstrando-lhe a certeza de coisas em que fora instruído (Veja em Lucas 1.4: “a fim de que o senhor pudesse conhecer toda a verdade sobre os ensinamentos que recebeu”.- NTLH; e em Atos 1.1: “ Prezado Teófilo, No primeiro livro que escrevi, contei tudo o que Jesus fez e ensinou, desde o começo do seu trabalho” - NTLH).
O livro de Atos é importante porque nos provê um registro autorizado da formação da Igreja e das atividades dos líderes principais. Forma um elo entre os Evangelhos e as Epístolas, pois os Evangelhos contemplam o futuro estabelecido da Igreja, ao passo que as Epístolas partem do pressuposto que a Igreja já existia.
Características Principais. Lucas não tentou descrever tudo quanto ocorreu durante os primeiros dias da Igreja. Como habilidoso historiador, ele selecionou os incidentes mais importantes e significativos e mostrou como os mesmos amoldaram o curso total dos acontecimentos. Veremos as principais características de seu relato.
1. O livro de Atos ressalta a atividade missionária da Igreja. O trecho de Atos 1.8: (“Porém, quando o Espírito Santo descer sobre vocês, vocês receberão poder e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até nos lugares mais distantes da terra.” – NTLH) pode ser usado como um esboço básico do livro inteiro. Resume o progresso do evangelho durante trinta anos após o dia de Pentecoste. A mensagem de Cristo foi pregada primeiramente em Jerusalém (Atos 1-7), e então na Judéia e em Samaria (Atos 8-12); em seguida por toda a região norte do Mediterrâneo, sendo Roma o último local mencionado (Atos 13-28). Em consonância com sua apresentação histórica, Lucas registrou os nomes pessoais de vários oficiais romanos, associados aos eventos por ele historiados (Atos 24-26, por exemplo, onde Félix, Lísias, Pórcio Festo e o rei Agripa são mencionados). Pedro é o líder cristão principal nos capítulos 1 a 12, e Paulo, nos capítulos 13 a 28.
No livro de Atos vemos como os primeiros crentes reagiram aos mandamentos de Cristo para evangelizar o mundo. Ele mostra-nos seus problemas, bem como os seus triunfos. Também nos dá um exemplo prático de métodos missionários que podem ser seguidos hoje em dia na obra missionária.
2. O livro de Atos retrata a obra do Espírito Santo. O Espírito Santo estava envolvido em cada fase do estabelecimento e da expansão da Igreja. Outras verdades acerca do Espírito Santo podem ser vistas no livro de Atos. Notemos, por exemplo, o julgamento contra Ananias e Safira, por haverem mentido ao Espirilo Santo (Atos 5.1-11). Consideremos a reprimenda a Simão por haver tentado comprar o dom do Espírito Santo (Atos 8.18-23).
O livro de Atos dá evidências da realidade e da presença do Espírito Santo. Mostra que a Igreja é uma realização sobrenatural de Deus, tendo sido trazida à existência, e sido capacitada, guiada e sustentada pelo próprio Espírito de Deus. Não há outra explicação para o seu sucesso e persistência, em meio às severas perseguições e oposições às quais foi sujeitada.

Continua no próximo post.