sexta-feira, agosto 25, 2017

Introdução ao Novo Testamento - 16.


Continuação do post anterior.
Evangelho de Marcos.
Detalhes interessantes para os romanos. Certas características especiais do evangelho de Marcos indicam que, provavelmente, circulou inicialmente em Roma. De acordo com Marcos 15.21: “E obrigaram a Simão Cireneu, que passava, vindo do campo, pai de Alexandre e de Rufo, a carregar-lhe a cruz” - RA, por exemplo, o homem que carregou a cruz de Jesus foi Simão Cireneu, pai de Alexandre e Rufo (nenhum dos outros três evangelhos dá os nomes dos filhos de Simão). Rufo foi mencionado pelo apóstolo Paulo, em sua epístola à igreja de Roma (Veja Romanos 16.13: “Saudai Rufo, eleito no Senhor, e igualmente a sua mãe, que também tem sido mãe para mim - RA). Além dessa referência, há outros lugares onde Marcos usou algum termo latino (o idioma falado por muitos romanos), a fim de explicar alguma palavra grega (ver, por exemplo, Marcos 15.16: “ Então, os soldados o levaram para dentro do palácio, que é o pretório, e reuniram todo o destacamento” - RA, onde o termo “pretório” é usado para explicar o sentido de “palácio”). Esses detalhes mostram que o evangelho de Marcos prestava-se especialmente a uma audiência romana.
Importância do evangelho. Marcos inicia seu relato intitulando-o “Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” (Veja Marcos 1.1: “Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” - RA). De acordo com Marcos, a mensagem pregada por Cristo era o evangelho (Veja Marcos 1.14,15: “Depois de João ter sido preso, foi Jesus para a Galiléia, pregando o evangelho de Deus, dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho” - RA). Trata-se de uma mensagem tão importante e valiosa que vale a pena que uma pessoa dê a sua própria vida por ela (Veja Marcos 8.35: Quem quiser, pois, salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por causa de mim e do evangelho Salva-la-á” - RA; e Marcos 10.29: “Tornou Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos por amor de mim e por amor do evangelho,” - RA). Trata-se de uma mensagem que deve ser proclamada ao mundo inteiro (Veja Marcos 13.10: “Mas é necessário que primeiro o evangelho seja pregado a todas as nações” - RA; e Marcos 14.9: “Em verdade vos digo: onde for pregado em todo o mundo o evangelho, será também contado o que ela fez, para memória sua” - RA).
Conteúdo. Ao escrever a sua narrativa sobre a vida de Cristo, Marcos preferiu permitir que os fatos e os registros dos eventos falassem por si mesmos. Ele descreveu uma série de episódios, fornecendo-nos vívidos quadros de Jesus e do avanço do Seu ministério. Embora a sua narrativa seja breve, contém todos os elementos mais importantes. Conforme já pudemos salientar, esse Evangelho contém muitos pormenores que mostram que se trata do testemunho de uma testemunha ocular.
Esboço. Marcos, o evangelho do Servo de Deus.
  1. O Servo é apresentado. Leia Marcos 1.1 a 1.13.
  2. As obras do Servo. Leia Marcos 1.14 a 7.23.
  3. O Servo é rejeitado. Leia Marcos 7.24 a 10.52.
  4. O Servo termina a Sua obra. Leia Marcos 11.1 a 16.20.
O Evangelho de Marcos mostra-nos como Jesus foi o Servo obediente, fiel e voluntário de Deus. Por este motivo, Deus o honrou com uma glória indescritível (Veja Filipenses 2.9-11: “Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.” - RA). Se você e eu permanecermos fiéis e obedientes em nosso serviço ao Senhor também receberemos honra (Veja em João 12.26: “Se alguém me serve, siga-me, e, onde eu estou, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, o Pai o honrará” - RA).

Continua no próximo post. 

quarta-feira, agosto 09, 2017

Introdução ao Novo Testamento - 15.

Continuação do post anterior.
Marcos: O Evangelho do Servo de Deus.
O Evangelho de Marcos ressalta o ministério dinâmico e ativo de Jesus. Guiado pelo Espírito Santo, Marcos mostrou como Cristo cumpriu a sua missão na qualidade de servo obediente e diligente de Deus. Ao considerarmos o Evangelho que Marcos escreveu, examinaremos sua identidade, como autor do mesmo. Também verificaremos o conteúdo do livro, sua ênfase e suas características especiais.
Autor. Há um consenso geral entre os estudiosos do Novo Testamento, de que o autor do Evangelho de Marcos foi João Marcos, o jovem que foi em companhia de Paulo e Barnabé na primeira viagem missionária deles. (Veja em Atos 12.12: “Considerando ele a sua situação, resolveu ir à casa de Maria, mãe de João, cognominado Marcos, onde muitas pessoas estavam congregadas e oravam” - RA). Marcos era parente de Barnabé (Veja Colossences 4.10: “Saúda-vos Aristarco, prisioneiro comigo, e Marcos, primo de Barnabé (sobre quem recebestes instruções; se ele for ter convosco, acolhei-o” - RA), e associado chegado do apóstolo Pedro (Veja 1 Pedro 5.13: “ Aquela que se encontra em Babilônia, também eleita, vos saúda, como igualmente meu filho Marcos” - RA), onde Pedro chama Marcos de “filho” – um título dado como prova de afeto. De fato é bem provável que o Evangelho de Marcos exponha o relato de Pedro como testemunha ocular, pois Marcos estava bem familiarizado com a vida e a pregação de Pedro. O próprio Marcos pode ter estado presente em algumas das ocorrências que ele descreveu.
Ênfase. O relato de Marcos sobre Jesus Cristo salienta a vida e as atividades de Jesus, como o Filho de Deus (Veja Marcos 1.1: “Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” - RA). Assim sendo, exercia forte atração sobre a mente romana, com seu interesse pelo lado prático da vida. Contrastando com Mateus e Lucas, para exemplificar, Marcos não apresenta a genealogia de Cristo. Isso se coaduna com o interesse de Marcos pela vida de serviços de Jesus, pois a história da família de um servo não é importante. A ênfase de Marcos é indicada de outras maneiras, igualmente. O Evangelho de Lucas tem quase o dobro do volume do de Marcos. No entanto, Lucas narra vinte milagres, ao passo que Marcos narra dezoito milagres em pouco mais da metade do espaço. Apesar de que Marcos narrou muitos dos ensinamentos de Jesus, com freqüência ele simplesmente referiu-se ao fato de que Jesus ensinou (Veja os versículos 2.13; 6.2,6,34 e 12.35 como exemplos disso).
Marcos também ressaltou o fato de que Cristo realizou a Sua missão com zelo e propósito. Por muitas vezes Ele viu-se cercado por grandes multidões, a cujas necessidades Ele ministrava (Veja os versículos 3.7-12,20,21: 4.1,2; 5.21-34; 6.30-44, 53-56 e 8.1-13). O vocábulo grego euthus, traduzido por expressões como “imediatamente”, etc., aparece por quarenta e duas vezes nas páginas do Evangelho de Marcos (esse vocábulo só aparece por sete vezes no Evangelho de Mateus e por uma vez em Lucas). Essa expressão é usada por quatorze vezes acerca das próprias ações de Jesus, servindo de indicação da prontidão e espontaneidade com que Ele servia. O uso que Marcos fez desse vocábulo em diversos lugares, em sua narrativa, também demonstra o fato de que Cristo se apressava para chegar ao alvo de Sua vida de serviço. Disse Jesus aos Seus discípulos que “… o Filho de Homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida em resgate de muitos” (10.45). O Evangelho de Marcos é menos longo que os Evangelhos de Mateus e de Lucas e não inclui um registro detalhado da história da família de Jesus.
Um estilo vívido e vigoroso. Com freqüência, Marcos descreve eventos passados como se estivessem acontecendo no momento em que ele escrevia acerca dos mesmos. Para tanto ele usava uma forma verbal chamada “presente histórico”. Essa forma poderia ser representada em português por uma forma verbal presente com eu vejo, tu andas, ele fala. No entanto, para a maioria dos leitores da língua portuguesa, isso pareceria incomum e estranho, sendo que o sentido é obviamente passado. Por essa razão, o presente histórico do grego usualmente é representado, na maioria das traduções, pelo passado simples, como eu vi, tu andaste, ele falou.
Notemos que os dois verbos que foram utilizados por nós, verbos esses que aparecem em Marcos 4.38, na nossa versão em português: “E Jesus estava na popa, dormindo sobre o travesseiro; eles o despertam e lhe dizem: Mestre, não te importa que pereçamos?” Em outras versões, não só em português, mas em outros idiomas, esses dois verbos aparecem no passado simples, “despertaram” e “disseram”. Mas você pode perceber que o presente histórico que aqui é referido na nossa versão portuguesa, torna a narrativa mais vívida. Marcos utilizou esse recurso da gramática grega por mais de cento e cinqüenta vezes.
Outras características do estilo de Marcos também aumentam o realismo e o drama de sua narrativa. Ele usava muitas frases que fornecem detalhes vívidos e descritivos.
Continua no próximo post.