sexta-feira, outubro 28, 2011

A Interpretação da Bíblia I.

O texto bíblico diz em 2 Pedro 3.16: ‘‘… há certas coisas difíceis de entender que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras para a própria destruição deles’’.

E para maior desgraça e calamidade, quando esses ignorantes se apresentam como doutos, torcendo as Escrituras para provar seus erros, arrastam consigo multidões à perdição. Tais ignorantes, sempre se tem constituído em heresiarcas ou falsos profetas, desde a antiguidade.

Não há livro mais perseguido pelos inimigos, nem livro mais torturado pelos amigos do que a Bíblia, devido à falta de conhecimento das sadias regras para sua interpretação. Essa ‘‘dádiva do céu’’ não nos veio para que cada qual a use a seu próprio gosto, mutilando-a, tergiversando ou torcendo-a para nossa perdição.

A interpretação correta da Bíblia é necessária por causa das lacunas históricas, culturais, lingüísticas e filosóficas que obstruem a compreensão espontânea e exata. Há um abismo histórico, pois nos encontramos muito separados no tempo, tanto dos escritores como dos primitivos leitores. Há também, um abismo cultural que se reflete nas diferenças significativas entre as culturas dos antigos hebreus, do mundo na época de Cristo e do nosso mundo atual.

Outro bloqueio à compreensão espontânea da mensagem bíblica é a diferença lingüística. Nunca é demais lembrar que a Bíblia foi escrita em hebraico, aramaico e grego, línguas que possuem estruturas e expressões idiomáticas muito diferentes da nossa própria língua. E outro bloqueio significativo para o entendimento é a lacuna filosófica, ou seja, opiniões sobre a vida, as circunstâncias e a natureza do universo diferem entre as várias culturas. Para transmitir, validamente, uma mensagem de uma cultura para outra, o tradutor ou o leitor deve estar ciente tanto das similaridades como dos contrastes das cosmovisões.

Jesus Cristo foi uniforme no trato das narrativas históricas do Antigo Testamento, como registros fiéis do fato; muitas vezes, escolheu como base do seu ensino as mesmas histórias que a maioria dos críticos modernos considera inaceitáveis. Ex: O dilúvio de Noé (Mateus 24.37-39); Sodoma e Gomorra (Mateus 10.15; 11.23,24); a história de Jonas (Mateus 12.39-41).

Quando Jesus fazia aplicação do registro histórico, Ele o extraia do significado normal do texto, contrário ao sentido alegórico. Ele não mostrou tendência alguma para dividir a verdade da Escritura em níveis, ou seja, um nível superficial, baseado no significado literal do texto e uma verdade mais profunda, baseada em algum nível místico, como faziam os mestres judeus da sua época. Jesus denunciou o modo como os dirigentes religiosos haviam desenvolvido métodos casuísticos que punham à parte a própria Palavra de Deus, que eles alegavam estar interpretando, e no lugar colocavam as suas próprias tradições (Marcos 7.6-13; e Mateus 15.1-9).

Martinho Lutero (1483-1546) – acreditava que a fé e a iluminação do Espírito Santo eram indispensáveis ao intérprete da Bíblia. Asseverava que a Bíblia devia ser vista com olhos inteiramente diferentes daqueles com que vemos outras produções literárias. Lutero sustentava também que a Igreja não deveria determinar o que as Escrituras ensinam, mas as Escrituras é que devem dizer o que a Igreja deve ensinar. Ele rejeitou a interpretação alegórica da Escritura, que predominava na Idade Média, chamando-a de ‘‘sujeira’’ e ‘‘escória’’. Segundo Lutero, uma interpretação adequada da Escritura, deve proceder de uma compreensão literal do texto. O intérprete deve considerar em sua exegese as condições históricas, a gramática e o contexto. Ele acreditava, também, que a Bíblia é um livro ‘‘claro’’, contrariamente ao dogma católico-romano de que as Escrituras são tão obscuras que somente a Igreja pode revelar seu verdadeiro significado.

Um dos grandes princípios hermenêuticos de Lutero dizia que se deve fazer cuidadosa distinção entre a Lei e o Evangelho. A Lei refere-se a Deus em seu ódio ao pecado, seu juízo e sua ira. O Evangelho refere-se a Deus em sua graça, seu amor e sua salvação. Ambos os aspectos existem lado a lado na Bíblia, tanto no Antigo como no Novo Testamento.

Calvino (1509-1564) – Também considerava a iluminação do Espírito Santo necessária para a correta interpretação da Bíblia e, que a interpretação alegórica era artimanha de satanás para obscurecer o sentido da Escritura.

Calvino ensinou que ‘‘a Escritura interpreta a Escritura’’ mostrando a importância que ele dava ao estudo do contexto, da gramática, das palavras e das passagens paralelas, em lugar de trazer para o texto o significado do próprio intérprete. Calvino disse que ‘‘a primeira tarefa de um intérprete é deixar que o autor diga o que ele de fato diz, em vez de atribuir-lhe o que penso que ele deva dizer’’.

Essa mensagem continua no post seguinte.

terça-feira, outubro 11, 2011

Crer somente no que está revelado.


Devemos ter por certo que o limite da fé está circunscrito pelos parâmetros das Escrituras. (Veja Deuteronômio 29.29: “As coisas encobertas pertencem ao SENHOR, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei.” - RA). Ou seja, não podemos crer além do que Deus nos revelou na Bíblia.

A Palavra deve ser sempre o guia da nossa fé. Por isso, devemos estar atentos à Palavra de Deus, para entendê-la e praticá-la Veja Josué 1.8: “Não cesses de falar deste Livro da Lei; antes, medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo tudo quanto nele está escrito; então, farás prosperar o teu caminho e serás bem-sucedido.” - RA; Salmo 119.97: “ Como eu amo a tua lei! Penso nela o dia todo.” - NTLH; Felipenses 3.15: “Todos, pois, que somos perfeitos, tenhamos este sentimento; e, se, porventura, pensais doutro modo, também isto Deus vos esclarecerá.” - RA; Tiago 1.22-25: “Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência. Mas aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no que realizar.” - RA).

Entretanto, pelo fato do nosso conhecimento a respeito de Deus ser limitado, isto não significa que o que conhecemos aqui será corrigido pelo que conheceremos na eternidade, como se a revelação de Deus contida na Palavra fosse imprecisa. Entendemos que o pouco que podemos conhecer do Deus infinito é fidedigno, pois nosso conhecimento respalda-se em sua Palavra, e cremos que a Bíblia é o registro infalível e inerrante da Palavra de Deus.(Veja em 2 Timóteo 3.16: “Pois toda a Escritura Sagrada é inspirada por Deus e é útil para ensinar a verdade, condenar o erro, corrigir as faltas e ensinar a maneira certa de viver.” - NTLH; e em 2 Pedro1.20,21: “Acima de tudo, porém, lembrem disto: ninguém pode explicar, por si mesmo, uma profecia das Escrituras Sagradas. Pois nenhuma mensagem profética veio da vontade humana, mas as pessoas eram guiadas pelo Espírito Santo quando anunciavam a mensagem que vinha de Deus.” - NTLH).

Assim, apesar de ainda não podermos conhecer tudo a respeito de Deus – o finito não pode conter o infinito - , o que conhecemos através da Palavra é a verdade revelada. Não toda a verdade, mas parte da verdade que está em harmonia com o todo.

Viva Jesus!

Deus lhe abençoe!