terça-feira, janeiro 31, 2017

Introdução ao Novo Testamento - 07.


Continuação do post anterior.
Jesus e os Evangelhos.
Entre os incontáveis livros escritos sobre vidas de homens, não há nenhum que se compare com os quatro evangelhos, pois nunca houve homem como Jesus, cuja história aqueles quatro evangelhos relatam. Os evangelhos são registros fascinantes da Sua vida, repletos de nomes de pessoas e lugares e plenos de descrições de eventos dramáticos e significativos. Chamam a atenção de todos quantos o lêem.
Na sabedoria de Deus, Ele não nos conferiu apenas um relato da vida de Jesus, mas quatro. Mas, qual é o valor de se ter mais de um registro da vida de Cristo? Disso resultam para nós dois benefícios. Primeiro, a variedade de narrativas serve para chamar a atenção de muitos tipos diferentes de pessoas. Quando os evangelhos foram originalmente escritos, cada qual tinha uma característica especial que apelava para certos grupos. Mateus, por exemplo, ressaltava o cumprimento das profecias do Antigo Testamento na vida de Cristo. Essa ênfase fazia os judeus dar um valor especial à narrativa de Mateus. Marcos enfocou o ministério dinâmico e ativo de Jesus, e adicionou pormenores em seu registro que eram interessantes aos leitores romanos. Lucas escreveu o seu registro do ponto de vista de um gentio que recebera profunda compreensão da missão salvífica de Cristo. Os leitores gentios podiam identificar-se com sua perspectiva, enquanto ele narrava a história do progresso e avanço dessa missão. João ao apresentar Cristo como Verbo eterno conquistava a atenção de pessoas meditativas, que estavam buscando respostas para as grandes questões acerca do significado da vida, da história e da eternidade. Desde que foram escritos, os evangelhos têm atraído homens e mulheres de todas as circunstâncias, posições de vida e origem nacional. E assim continuam fazendo até os nossos dias.
Em segundo lugar, a variedade de narrativas serve para ressaltar ainda mais os principais acontecimentos da vida de Jesus. Cada escritor dos evangelhos inclui alguns detalhes e informações que não se encontram nos outros. Essas narrativas em seu conjunto, entretanto, mostram-nos o caráter abrangente da vida e do ministério de Jesus, de Sua morte em favor dos pecadores, e da Sua ressurreição do sepulcro. Desse modo, a mensagem central de Cristo torna-se inequivocamente clara. À semelhança de quatro grandes mestres da pintura, os escritores dos evangelhos nos brindaram com quatro retratos do Filho de Deus. Embora cada obra prima dessas nos apresente seu grande Assunto de um ângulo diferente, em todas elas reconhecemos a mesma face inigualável.
Características principais das quatro narrativas.
Os relatos dos evangelhos são seletivos. Não são listas exclusivas de tudo quanto Jesus disse e fez. Conforme observou João: “Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez; e, se cada uma das quais fosse escrita, cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem” (João 21.25). Dentre a multidão de eventos ocorridos durante a vida terrena de Cristo, cada autor sagrado, guiado pelo Espírito Santo, escolheu somente certos detalhes para serem incluídos em sua narrativa. Para exemplificar, a infância e a juventude de Jesus são passadas em silêncio, excetuando-se os treze versículos que Lucas devotou à esse período. Veja em Lucas 2.40-52. A semana da Paixão, por outro lado, é descrita com grandes detalhes por todos os quatro escritores. Mateus, Marcos e Lucas incluíram muita matéria em comum. Mas João incluiu muitas coisas que nenhum dos outros três registraram. Todos esses fatos demonstram a seletividade das narrativas dos evangelhos.
As narrativas dos evangelhos também são harmoniosas entre si. Embora cada escritor sagrado tivesse selecionado o seu material, todos eles seguiram o mesmo padrão básico, desdobrando os principais eventos da história. Há a introdução de Jesus em seu ministério público, feita por João Batista. Em seguida, aparecem milagres, ensinamentos e encontros de Jesus com seus discípulos, com indivíduos diversos e com líderes judeus. A maioria dos acontecimentos descritos ocorreu na Galiléia ou em Jerusalém. É retratada a divisão entre aqueles que aceitavam Jesus e aqueles que o rejeitavam. Finalmente há a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Sua detenção, Seu julgamento, Sua crucificação e Sua ressurreição. E em todas essas narrativas há referências a diversas profecias do Antigo Testamento, que se cumpriram na vida de Jesus. Em um sentido bem real, esses não são quatro “evangelhos”, mas um único evangelho – uma história das boas novas sobre o Filho de Deus que veio salvar pecadores.
Continua no próximo post.

quarta-feira, janeiro 04, 2017

Introdução ao Novo Testamento - 06


Continuação do post anterior.
Os Livros Pessoais. Além dos livros doutrinários e históricos, há outros que melhor poderiam ser descritos como pessoais. Esses livros foram cartas endereçadas a crentes individuais, e não a grupos de crentes. São as seis epístolas de 1 e 2 Timóteo, Tito, Filemon e 2 e 3 João. Embora fossem escritas para homens que eram líderes da Igreja, revestem-se de importância para a comunidade cristã inteira de todos os séculos. Contêm diretrizes para a seleção de líderes eclesiásticos, instruções sobre o governo das igrejas, conselhos pessoais para aqueles a quem essas epístolas foram dirigidas, além de solicitações e comentários.
O Livro Profético. De modo geral, os livros proféticos da Bíblia são aqueles nos quais Deus nos tem falado sobre eventos tanto presentes como futuros. Assim sendo, os escritos proféticos têm dois propósitos principais: 1) transmitir ao povo uma mensagem sobre sua presente situação, e como deveriam reagir diante dessa situação; e 2) revelar eventos futuros e o plano de Deus acerca do mundo. Embora quase todos os livros do Novo Testamento envolvam alguma profecia, o livro de Apocalipse dedica-se inteiramente a questões proféticas.
O livro de Apocalipse encerra uma mensagem para as sete igrejas da Ásia, para as quais o mesmo foi escrito. Também descreve o destino final do povo de Deus, de satanás e seus seguidores e dos céus e da terra. Mostra-nos que Cristo, o Cordeiro que foi morto, saiu-se totalmente vitorioso. Trata-se de um exemplo do tipo especial de escrito profético denominado apocalíptico. Isso significa que a sua mensagem revela verdades mediante o emprego de símbolos e de vívidos quadros falados. Por exemplo, as sete igrejas da Ásia são retratadas como candeeiros. Veja Apocalipse 1.12,20: “Voltei-me para ver quem falava comigo e, voltado, vi sete candeeiros de ouro; quanto ao mistério das sete estrelas que viste na minha mão direita e aos sete candeeiros de ouro, as sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candeeiros são as sete igrejas”; ao passo que satanás é retratado como um dragão. Veja Apocalipse 12.7-9: “Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos; todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar deles. E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos.”.
Autores dos livros.
Os livros do Novo Testamento foram escritos por oito (ou talvez nove) homens: Mateus, Pedro, João, Marcos, Judas, Tiago, Lucas. Paulo e o escritor da epístola aos Hebreus (alguns estudiosos da Bíblia acreditam que Paulo escreveu a epístola aos Hebreus). Dentre esses homens todos eram judeus com exceção de Lucas. Mateus, Pedro e João eram membros do grupo original dos doze discípulos de Jesus. Marcos, Judas e Tiago estavam associados aos discípulos, e faziam parte da primeira igreja, em Jerusalém. Lucas e Paulo conheciam pessoalmente alguns que tinham sido testemunhas da vida e do ministério terrenos de Jesus.
Cronologia dos livros.
No Novo Testamento os livros são agrupados de acordo com o conteúdo dos mesmos. Em outras palavras, os livros históricos aparecem em primeiro lugar, os livros doutrinários e especiais aparecem em seguida, e o livro profético aparece em último lugar. Entretanto não estudaremos os livros segundo essa ordem, e, sim, em sua seqüência cronológica. Isso significa que nós os estudaremos de acordo com os anos específicos da história que eles abordam. Esse modo de proceder nos ajudará a obter o conhecimento dos eventos que ocorrem em seu arcabouço histórico.
Os acontecimentos históricos mencionados nos escritos do Novo Testamento aconteceram dentro de um espaço de aproximadamente cem anos, desde 6 a.C. até 95 d.C. Esse período de tempo pode ser dividido em três períodos: 1) a vida e o ministério de Jesus; 2) o começo e o desenvolvimento da Igreja; e 3) o contínuo crescimento da Igreja e a perseguição contra ela.

Continua no próximo post.