Continuação
do post anterior.
Continuação
do Evangelho de Lucas.
Conteúdo.
A seqüência de eventos, em Lucas, segue o padrão geral daquilo que
aparece nos Evangelhos de Mateus e de Marcos. Também há
considerável quantidade de material que só Lucas inclui. O alvo
principal de Lucas foi apresentar Jesus como o homem perfeito,
impulsionado pelo Espírito, Salvador de todos os homens. Seu
Evangelho, entre os sinóticos, é o único onde o título
específico, Salvador”, é usado para indicar Jesus (v. 2.11). O
conteúdo desse Evangelho pode ser dividido em:
-
O Salvador é preparado (Lucas 1.1 a 4.13).
-
O Salvador ministra (Lucas 4.14 a 9.17).
-
O Salvador entra em conflito (Lucas 9.18 a 19.28). Quase o conteúdo inteiro desta seção pertence exclusivamente a Lucas. Especificamente, a maior parte da matéria contida no trecho 9.51 a 18.14 e 19.1 a 19.28 se encontra apenas no terceiro Evangelho.
-
O Salvador ganha a nossa Salvação (Lucas 19.29 a 24.53). Quando lemos o registro da vinda de Jesus, lindamente escrito por Lucas, vemos que Ele cumpriu a missão que Ele mesmo anunciou em 4.18,19. Vemos como o Espírito do Senhor desceu sobre Ele. Vemos como Ele pregou as Boas Novas aos pobres, anunciando a liberdade aos presos, restaurando a vista aos cegos, libertando os oprimidos e proclamando o ano do favor divino. Quão extraordinário Salvador!
Lucas
pertence provavelmente à terceira geração cristã. O tempo e o
lugar da sua atividade literária são incertos; provavelmente os
anos 90, talvez na Ásia Menor. Exclui-se que o autor das duas obras
lucanas seja testemunha ocular dos fatos narrados. Ele mesmo apela em
Lucas 1.2 para “os que
desde o começo foram testemunhas oculares e ministros da palavra“,
isto é, para a tradição apostólica. Estas palavras se referem,
antes de tudo, a tradição sobre Jesus, portanto ao conteúdo do
Evangelho de Lucas.
O
que Lucas escreve não é nenhum segredo, reservado aos que crêem;
ao contrário, é acessível, mesmo aqueles que são alheios à
tradição cristã e à exposição lucana, creiam ou não. Trata-se,
com efeito, de fatos que “entre
nós se realizaram”
(Veja Lucas 1.1), logo de pleno domínio público. O pregador pode,
portanto, supor que os ouvintes saibam de que se trata (Veja Lucas
24.18). Lucas luta por uma interpretação de acordo com a verdade,
em comparação com a qual as falsas idéias, que devem ser
rejeitadas, são “ignorância” (Veja Lucas 23.34). Consolidação
e difusão da fé são as coisas mais importantes para o teólogo e
historiador Lucas.
A
forma expositiva lucana adota, portanto, uma posição intermediária
entre pregação e informação. Isso se verifica especialmente
quando se trata do conteúdo fundamental da pregação, isto é, da
morte e da ressurreição de Jesus. Lucas quer mostrar que, apesar da
Sua paixão e morte, Jesus é o Cristo porque Deus o ressuscitou.
Esse argumento vale para os judeus, que se recusam a ver em Jesus, o
Cristo, alegando que o Messias não morre e que, por isso, o Jesus
crucificado não pode ser o Messias. Lucas tenta provar-lhes que o
erro desta idéia foi demonstrado pela ressurreição de Jesus.
Lucas
se compraz em salientar que os “pobres”, no sentido literal, sem
a qualificação teológica de “pobres de espírito”, de Mateus
(Veja Mateus 5.3), são os destinatários privilegiados da Boa nova
(Veja Lucas 4.18; 7.22). Uma das bem-aventuranças de Jesus é
endereçada precisamente aos pobres (Veja Lucas 6.20; 16.19-31).
Lucas
não desenvolve nenhum modelo de vida cristã, na suposição de que
cada época traga as suas próprias exigências. O caminho que leva
ao reino de Deus passa pelas tribulações (Veja Atos 14.22). Pelo
nome de Jesus o cristão deve estar pronto para aceitar em todas as
circunstâncias as exigências da sua adesão a Cristo, até ao
sacrifício da própria vida (Veja Lucas 9.23). Lucas procura,
portanto, constantemente chamar a atenção do cristão para a
responsabilidade que decorre para ele da sua situação pessoal.
Continua
no próximo post.
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