quinta-feira, março 23, 2017

Introdução ao Novo Testamento - 10.


Continuação do post anterior.
Propósito. O propósito de Jesus era revelar Deus e ensinar aos homens verdades sobre as quais pudessem edificar as suas vidas. Ele disse que os Seus ensinamentos provinham do Pai (Veja em João 14.10: “Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, faz as suas obras.” - RA). Não se tratava de meras idéias interessantes, de pensamentos esperançosos ou de histórias divertidas. Mas eram as próprias palavras da vida eterna (Veja em João 6.68: “Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna” - RA), palavras que permaneciam para sempre (Veja em Marcos 13.31: “Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão” -RA). A pessoa que põe em prática os ensinamentos de Jesus descobre que Sua vida está edificada sobre um sólido alicerce (Veja em Mateus 7.24: “Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha”- RA).
Método. Jesus ensinava por toda a parte, sempre que surgia a necessidade. Ele ensinava nas sinagogas (Veja Lucas 4.16: “Indo para Nazaré, onde fora criado entrou, num sábado, na sinagoga, segundo o seu costume, e levantou-se para ler” - RA) e no templo (Veja João 8.2: “ De madrugada, voltou novamente para o templo, e todo o povo ia ter com ele; e, assentado, os ensinava.” - RA). Ele ensinava nas ruas (Veja em Marcos 10.17: “E, pondo-se Jesus a caminho, correu um homem ao seu encontro e, ajoelhando-se, perguntou-lhe: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” - RA) e em casas particulares (Veja em Lucas 14.1: “ Aconteceu que, ao entrar ele num sábado na casa de um dos principais fariseus para comer pão, eis que o estavam observando.” - RA). O número de ouvintes era um fator importante para Ele. Embora se dirigisse a grandes multidões, não hesitava em dirigir a palavra a algum homem ou mulher em particular. Muitos dos Seus mais importantes ensinamentos foram dirigidos a indivíduos, como no caso de Nicodemos (Veja, na sua Bíblia, em João 3). Jesus ensinava em grande variedade de lugares, para grandes variedades de pessoas. Também usava grande variedade de métodos. Examinaremos agora quatro diferentes desses métodos.
As parábolas. Jesus ensinava muitas verdades por meio de parábolas. Uma parábola é uma ilustração ou história, usualmente extraída dos acontecimentos da vida diária. Como um método de ensino, as parábolas revestem-se de três vantagens: 1) elas podem ser facilmente lembradas, porque os ouvintes podem imaginar os acontecimentos da história enquanto a mesma está sendo narrada; 2) As mensagens espirituais transmitidas por elas são claras até mesmo para os de pouca ou nenhuma cultura; e 3) elas demonstram a preocupação de Jesus com as necessidades de Seus ouvintes.
A maioria das parábolas ensina apenas uma verdade central. A parábola da mulher e da moeda, por exemplo, ilustra a persistência de Deus na busca de uma alma perdida (Veja em Lucas 15.8-10: “Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma, não acende a candeia, varre a casa e a procura diligentemente até encontrá-la? E, tendo-a achado, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque achei a dracma que eu tinha perdido. Eu vos afirmo que, de igual modo, há júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende” - RA). Algumas delas, contudo, ensinam mais de uma lição. A parábola do filho pródigo ilustra não somente o amor paternal de Deus, mas também o sentido do arrependimento e do pecado da justiça própria e do espírito não-perdoador. (Veja, na sua Bíblia, em Lucas 15.11-32). Em algumas ocasiões, aqueles que ouviam uma parábola podiam tirar as suas próprias conclusões (Veja, na sua Bíblia, em Marcos 12.1-12). Outras vezes Jesus esclarecia a verdade que Ele ilustrava, ao terminar de contar uma parábola (Veja em Mateus 25.1-13). As parábolas de Jesus, entretanto, eram diferentes das parábolas contadas por outras pessoas, porque não podiam ser separadas de Sua pessoa. Aqueles que não O entendiam, também não compreendiam as Suas parábolas. Essa foi uma verdade salientada pelo próprio Jesus (Veja em Marcos 4.11: “Ele lhes respondeu: A vós outros vos é dado conhecer o mistério do reino de Deus; mas, aos de fora, tudo se ensina por meio de parábolas,” - RA) e Mateus 13.13: “Por isso, lhes falo por parábolas; porque, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem, nem entendem” - RA).
Declarações curtas. Jesus usava declarações curtas para fixar certas verdades nas mentes de seus ouvintes. Com freqüência essas declarações contrastavam duas idéias. Por exemplo: “... portanto sejam prudentes como as serpentes e símplices como as pombas” (Mateus 10.16). “Quem achar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida por amor de mim acha-la-á (Mateus 10.39). ”... Quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” (João 11.25). Essas declarações são pensamentos provocadores e inesquecíveis.
Lições objetivas. Jesus também Se utilizava de objetos familiares para ensinar verdades espirituais. De certa feita, fez uma pequena criança sentar-se no meio dos seus discípulos, destacando-a como um exemplo de humildade (Veja em Mateus 18.1-6). Noutra ocasião, Jesus chamou a atenção para certos ricos e para uma pobre viúva, que estavam depositando suas ofertas no gazofilácio. E usou o incidente a fim de ensinar a lição sobre o sentido da verdadeira doação (Veja Lucas 21.1-4: “Estando Jesus a observar, viu os ricos lançarem suas ofertas no gazofilácio. Viu também certa viúva pobre lançar ali duas pequenas moedas; e disse: Verdadeiramente, vos digo que esta viúva pobre deu mais do que todos. Porque todos estes deram como oferta daquilo que lhes sobrava; esta, porém, da sua pobreza deu tudo o que possuía, todo o seu sustento” - RA). Aos pescadores Ele disse: “vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens” (Mateus 4.19). Jesus também disse que as aves do céu e os lírios do campo mostravam o cuidado de Deus pela Sua criação (veja em Mateus 6.26-28: “Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves? Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida? E por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam” - RA).
Continua no próximo post.




sexta-feira, março 17, 2017

Introdução ao Novo Testamento - 09.


Continuação do post anterior.
Pereia. Quase todos os habitantes de Pereia eram judeus, embora ali também vivessem gentios. Com freqüência, a Pereia é referida nas páginas do Novo Testamento como a terra “além do Jordão”. A caminho de Jerusalém pela última vez, Jesus atravessou essa região ensinando em suas vilas e cidades. (Veja em Marcos 10.1-45; e Mateus 19.1-20.28).
Judéia. No distrito da Judéia estavam localizadas as cidades de Belém, onde Jesus nasceu, e Jerusalém, cenário de muitos dos mais cruciais acontecimentos de Sua vida. Perto de Jerusalém ficava a aldeia de Betânia, lar de Maria, Marta e Lázaro, ao qual Jesus ressuscitou dos mortos (Leia em João 11.1,32-44). Não muitos quilômetros dali ficava Jericó, onde Jesus curou o cego Bartimeu (Leia em Marcos 10.46-52). Durante Seu ministério, Jesus fez diversas viagens à Jerusalém e às aldeias próximas. Esteve presente nas grandes festividades judaicas anuais, celebradas em Jerusalém. Foi em Jerusalém que Jesus foi julgado, crucificado e sepultado (Leia em Lucas 22, 23). Após a Sua ressurreição Jesus apareceu a dois de Seus seguidores, no caminho para Emaús, cerca de onze quilômetros de Jerusalém (Veja em Lucas 24.13-27). Posteriormente, Jesus instruiu Seus discípulos acerca do futuro ministério deles, conduzindo-os na direção de Betânia. Foi então que Ele foi arrebatado para o céu, desaparecendo de diante de suas vistas. E os discípulos retornaram à Jerusalém a fim de esperar pela prometida descida do Espírito Santo (Leia em Lucas 24.36-53).
Os Eventos da Vida de Jesus.
Os eventos da vida de Jesus podem ser divididos em quatro períodos principais: 1) Seu nascimento e preparação para o ministério; 2) Seu ministério terreno e Sua popularidade; 3) Seu ministério posterior e controvérsias; 4) Sua morte, ressurreição e ascensão. Esses períodos principais aparecem na mesma seqüência, em cada narrativa evangélica. Porém, os escritores sagrados dispuseram os incidentes específicos, dentro de cada período, segundo os seus próprios propósitos. Devemos lembrar que o alvo deles não era primariamente fornecer-nos uma narrativa estritamente cronológica, e, sim, retratar com exatidão a pessoa de Jesus.
Os Ensinamentos de Jesus.
Ensinar era um dos aspectos vitais de Sua obra, porquanto Ele veio com a missão de anunciar as boas novas aos pobres e revelar a verdade de Deus a toda a humanidade. Cada página dos evangelhos está assinalada pela presença de Suas advertências, proclamações, exortações e explicações. Consideraremos cinco características de Seu ensino.
A Base. O ensino de Jesus alicerçava-se sobre o Antigo Testamento como a Palavra de Deus, e sobre si mesmo como o unigênito Filho de Deus. Jesus extraía subsídios dos recursos do Antigo Testamento. Também Se colocava em relação aos escritos do Antigo Testamento como Aquele que possuía total autoridade para explicar seu verdadeiro sentido.
Jesus aplicava a si mesmo as profecias e eventos do Antigo Testamento. De acordo com o trecho de Lucas 4.18, Ele leu a descrição sobre a Sua missão no livro do profeta Isaías. Deixou bem claro que viera para cumprir a lei (Leia em Mateus 5.17-20). Quando Jesus falou com Nicodemos, falou-lhe sobre a Sua morte na cruz aludindo-se a certa experiência que os israelitas tiveram no deserto (Veja João 3.14 e Números 21.8,9). Quando os fariseus lhe pediram um sinal, Ele lhes disse que daria o “sinal de Jonas” – dando a entender que Ele ressuscitaria dentre os mortos, três dias depois de ser crucificado (Leia em Mateus 12.39,40). Após a Sua ressurreição, Jesus encontrou-se com dois de Seus discípulos na estrada para Emaús. Enquanto caminhavam, Ele lhes explicava “o que dEle se achava em todas as Escrituras” (Leia em Lucas 24.27).
Jesus também mostrou que Ele estava investido de uma posição de autoridade ímpar no tocante às Escrituras do Antigo Testamento. Por exemplo, Ele disse que era “senhor também do sábado” (Leia em Mateus 2.28). De conformidade com o trecho de Êxodo 31.15, nenhum trabalho deveria ser feito em dia de sábado. No entanto, Jesus declarou que tanto Ele quanto o Pai trabalhavam continuamente, mesmo em dia de sábado (Leia em João 16.17). Jesus curava em dia de sábado e ensinou que era legítimo fazer tal coisa (Leia em Lucas 13.10-17). Jesus também introduziu um padrão de conduta superior àquele que fora revelado no Antigo Testamento (Leia Mateus 5). Esses exemplos mostram que Jesus Se punha na condição de Filho de Deus no tocante não somente às profecias do Antigo Testamento, como também à lei.

Continua no próximo post.